VIDA INSOSSA –

Minha vida é insossa! Foi assim que começou um telefonema que recebi de um amigo, que diz me ler de ver em quando, pois não costuma usar o computador a não ser esporadicamente. Diz que sempre gosta de ler o que escrevo, mas tem preguiça de comentar. Mas este último não aguentou. Esse sobre “Vícios e Manias’. Chegou a conclusão de que a vida dele era insossa!

Respondi na hora. Bote sal na sua vida! “Tenho pressão alta”. Não estou falando de sal de cozinha, estou falando do sal da vida. Não sei se você se lembra, no batismo o padre passa sal nos seus lábios e pronuncia a palavra “sal da vida”. (Será que ainda é assim, ou o “politicamente correto” já proibiu?) É a esse sal a que me refiro. É claro que ele não estava fazendo propaganda de nenhuma salina. Queria afirmar que a vida deve ser vivida com alegria, com satisfação, com esperança, com a força que o tal “sal da vida” lhe dá. E você esqueceu isso.

Pela sua conversa, se sente que você realmente está insosso. Segundo afirmou, sai pouco de casa, não vê os amigos nem lhes telefona, não usa o computador (embora tenha um), está lendo pouco, na tv só vê os noticiários, que está deixando de ver por que só tem notícia ruim, não assiste um filme, nem em casa nem no cinema (muito barulhento e aquele cheiro horrível de pipoca, e nisso concordamos), ouve pouca música, convive pouco com filhos e netos, se sente só e tudo isso torna a sua vida insossa.

Fizesse eu como você, sentiria a mesma coisa. Mas, faço exatamente o contrário. Telefono para os amigos, os vejo de vez em quando, meus filhos e netos estão sempre por perto, almoçamos juntos todos os fins de semana, muitos vêm almoçar comigo quase diariamente, não largo o computador, leio um bocado, vejo filmes na TV, acompanho os noticiários, sejam bons ou ruins (é a vida), ouça um bocado de música, de todos os tipos, da popular à clássica, no maior programa já inventado para computador, o “Youtube”,  que você é capaz de não conhecer, encho o meu tempo todo e, por isso mesmo, não tenho tempo para mais nada. A não ser para escrever estas bobagens na “Facebook” e no blog de Nelson Freire e Ricardo Rosado (menos). E não desprezo meu whiskinho antes do almoço. Que não sei se você toma.

O que desejo salientar, meu caro, é que quem faz sua vida é você. Espero que estes meus comentários, que vou fazer públicos pois podem ajudar outros como você, da nossa geração e que também devem viver no “fundo de uma rede”, possam aproveitar e comecem a colocar “sal em sua vidas”.

E eu boto dos dois. O “sal da vida” procuro usar em quantidade. Só faz bem. E, mesmo com pressão alta, sempre boto um salzinho de cozinha, se não a comida fica realmente insossa. Pouco, mas boto.

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

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