Não há o que esperar. A divulgação da previsão de inverno “na categoria abaixo da faixa normal climatológica para o norte da Região Nordeste”, para o “trimestre Fevereiro/Março/Abril 2017”, pelo INPE/CPTEC, deve motivar adoção de medidas urgentes, mesmo que depois, com a misericórdia de Deus, o tempo mude. A indicação técnica é no sentido que todos nós precisamos nos preparar para um quadro ainda mais grave em relação a falta d´água. O aviso está dado!

Precisamos, então, de um plano emergencial para a travessia de 2017 nas condições previstas de inverno abaixo da média e uma articulação para envolver todos que possam colaborar. Precisamos reativar o Comitê Integrado de Combate aos efeitos da Seca, convocar as Universidades, apoiar ainda mais a EMPARN, identificar estratégias de convivência, enfim, precisamos responder a algumas questões cruciais, dentre as quais, o Governo do Estado, como líder da política de recursos hídricos, já tem um roteiro circunstanciado para a possiblidade do sexto ano de seca? O que faremos? Vamos parar a produção agropecuária? As empresas industriais terão a oferta d´água reduzida? Como serão abastecidos hospitais, escolas, instituições militares? Os aquíferos disponíveis suportam abastecer todo o Rio Grande do Norte? Haverá algum apoio para os agricultores familiares? O que será feito, em síntese, com a eventual confirmação de um inverno abaixo do necessário?

Devemos reconhecer evidentemente que o Rio Grande do Norte não é o mesmo de 1915 quando a história registra uma das mais severas secas. A construção de barragens, açudes, cisternas, o programa de adutoras, a perfuração de poços, dentre outras medidas, foram executadas nos últimos 100 anos, contudo, faltou investimento em tecnologias (reuso e dessalinização de águas, p. ex.) e educação ambiental para a convivência com a escassez. Mas, o problema é tão grande que não deve ser particularizado como sendo apenas dos Governos nos três níveis. Precisa ser enfrentado com o apoio de todos, contudo, sob a liderança do Governo, particularmente, da Gestão Estadual.

O Sistema FIERN, desde logo, se coloca a disposição no que lhe cabe e naquilo que for possível para colaborar. Aliás, no projeto MAIS RN há uma relação de obras estruturantes sugeridas que, de fato, já é um bom roteiro para aprofundarmos o planejamento do que é necessário fazer, sem prejuízo do plano emergencial diante da reconhecida gravidade do momento. A propósito, no próximo 15 de fevereiro, a FIERN participará do Seminário Gestão Estratégica das Águas, evento em Campina Grande promovido pela FIEP e SEBRAE, onde trataremos do tema como indispensável ao desenvolvimento sustentável do Nordeste.

Enfim, o fenômeno climático da seca sempre existiu, continuará a existir e, ao que parece, será cada mais grave e intenso. Para vivermos no semiárido precisamos mudar costumes e práticas. Introduzir tecnologia, novos meios de produção e limites, considerando a disponibilidade da água e o envolvimento da sociedade. Se não mudarmos, vai faltar água!

Publicado na Tribuna do Norte (12.02.2017)

Amaro Sales de Araújo, Presidente da FIERN e COMPEM/CNI.

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