UMA SIMPLES HEMATITA –

​Momentos inesquecíveis, bons ou ruins, tristes ou alegres, ficam, para sempre, guardados na lembrança, pois, trazem algo especial, nos levando a refletir sobre a vida e dando-nos forças para sermos felizes.
​Um sorriso da pessoa amada, um abraço carinhoso afagando a solidão, o jeito simples de ser de um colega de trabalho, apertos de mão em momentos incertos e até uma simples lembrança, de quem menos esperamos, se eternizam.

Poderia citar sete destes instantes, dos quais jamais esquecerei. Interessante é porque estudiosos do misticismo afirmam ser, o número sete, considerado cabalístico e mágico. Neste diapasão, acredito poder considerar-me uma referencia, por meus dois nomes iniciais possuírem sete letras (não será assim, também, o seu?). ​

O primeiro me remete ao início da vida quando, brincando no quintal de casa, subi em uma mangueira e dali, num pulo, para o muro do vizinho levando uma grande queda. Minha mãe, grávida de sete meses, socorreu-me, prontamente, evitando problema maior.

​Na sequência, seguiram-se, o segundo, terceiro e quarto, instantes que me fazem querer voltar no tempo e vivenciar tudo novamente. O quinto, recordo bem, notabilizou-se aos dezesseis anos, quando fui residir na cidade de Whittier, na Califórnia, para vivenciando um mundo distinto do que conhecia, amadurecer bastante.

​O sexto, foi um instante de angustia e aflição, pois apesar de ser momento tão comum na vida, mesmo trazendo-o vivo em minha memória, procuro esquecê-lo.

​Aí, surge o último evento, justo o de número sete. Estava nas dependências do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, quando um companheiro, conhecido há pouco tempo, do qual me aproximara através de conversas e troca de ideias, me falou: – Rostand, dias atrás foi seu aniversário. Estava na Bahia e lembrei de você. Quis lhe trazer um livro, por sabê-lo amante da leitura, mas optei por esta pedra.

Neste momento, ele me passou às mãos uma gema escura, do tamanho de um ovo de codorna e continuou dizendo: – isto é uma hematita, minério de ferro. As propriedades exotéricas possuídas serão de extrema importância em sua caminhada, pois não apenas fortalecerão seu equilíbrio emocional, como absorverão possíveis energias baixas e acima de tudo, formarão um escudo protetor sobre sua pessoa, dando-lhe condições de existir de forma mais corajosa e harmoniosa.

​O tempo passou mas, de quando em vez, recordo estas sete situações, valorizando-as, sem nunca deixar de reverenciar a lembrança da hematita, minha companheira por onde quer que ande. Com meu presenteador nem sou mais tão ligado. Nossas conversas escassearam, embora jamais esqueça o significado de importante adágio, afirmando devermos ser eternamente responsáveis por aqueles que nos cativam.

​Resta a certeza, quer através do afago de pessoas próximas, de um ato injusto, praticado por cidadãos do mundo, ou até mesmo, de uma simples pedrinha de hematita recebida de alguém tornado inesquecível, porque, cada vez mais nós devemos conscientizar de que existir é estar exposto a erros e acertos, amores e ilusões, confianças e decepções… Enfim, um emaranhado de sentimentos nos mostrando o real significado da palavra viver.

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras e Filho de Marlene Lanverly

 

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