UM CARTAZ NA PARADA –

 

Entre as muitas mensagens recebidas pelo Whatsapp uma me chamou atenção pelo fato de se tratar de uma cartaz afixado numa determinada parada de ônibus. Nela estava escrito: “NÃO PODEMOS / VOLTAR AO NORMAL, / porque o normal era EXATAMENTE O PROBLEMA. / PRECISAMOS VOLTAR MELHORES, MENOS EGOÍSTAS, / mais solidários, / MAIS HUMANOS.

Depois de ler e reler e até reencaminhar aos grupos que participo, despertou em mim a curiosidade de saber se quem escreveu a tal mensagem teria modificado as suas atitudes realmente ou, se apenas, era mais uma mensagem do tipo “vamos fazer, mas não sai do canto”.

Pois bem. Resolvi consultar os amigos em rede, partindo de três indagações livres e sem o compromissos de cobrá-los respostas. Apenas para aferir como estava o pensamento geral sobre o assunto.

Foram estas as indagações:

Algumas respostas foram chegando e, quando rarearam, fiz uma “acareação” entre elas para dali tirar o quanto o cartaz da parada de ônibus, traduzia a opinião geral.

Confesso que o desenlace não foi tão contundente e seguidora do roteiro preestabelecido, uma vez que todos se utilizaram de uma forma mais generalizada.

Cheguei até a insistir: respondam na primeira pessoa do singular. Sem sucesso.

Aqui, já agradeço àqueles que se sentiram motivados a colaborar, e certamente, o fizeram com desprendimento e espírito de amizade.

Fiz uma síntese de cada opinião para termos uma ideia de quanto o cartaz da parada realmente impactaria na nossa percepção do pós pandemia.

Vejamos:

“Espero que todos nós procuremos ser cada dia melhores, mais humanos, mais solidários, enchendo nossos corações do amor de Deus. Praticar a caridade é um ato de amor que não tem preço! Mas ainda necessitamos nos revestir do amor de Deus, para que Ele possa retirar todos os excessos, como o egoísmo, orgulho, intolerância, arrogância e a autossuficiência, entre outras mazelas, que nos impedem de gerar os frutos do amor, da caridade, da humildade, da unidade, da fé, da esperança, da fortaleza, da paz, da prudência. Revestir-se de amor é superar-se a cada dia na direção daquilo que Deus espera de cada um de nós!”

(Kalline Ribero)

“Claro que voltaremos melhores. Quem passar todos estes dias isolados e não aprender, é porque é um mau aluno. Muitos mudarão só num primeiro momento, mas muitos levarão as mudanças, ora vividas, para o resto suas vidas”.

(Antonio Sobrinho)

“Muitos vão ser mudados, mas sempre existirão aqueles que se acham espertos. Querem levar vantagem em tudo. Assim caminha a humanidade. Só Deus”.

(Gorete Alves)

“Que vai haver transformação…não acredito muito!

Quem for desapegando, continuará. Quem não, vai esquecer tudo com o passar dos dias!”.

(Regina Jales)

“As pessoas estão menos em tudo, tendo em vista a crise política-econômica que afeta o comportamento das pessoas”.

(Genibaldi Medeiros)

“Os bons seguirão pelos caminhos do bem. Os maus continuarão pelos caminhos do mau atuando contra os bons. Muitos continuarão satisfazendo o ego ao dar esmolas e ajudas para os pobres, mas seguirão contrárias às políticas de combate a desigualdade social. E assim seguirá a vida”.

(Elan Miranda)

“Sim! Mas para outra humanidade que está por vir, pois nessa em que convivemos jamais irá mudar, apenas uma melhora momentânea em termos de solidariedade”.

(Ricardo Azevedo)

“Creio que não houve melhoras. Apenas exposições de ações caritativas. Nem muito menos que vá melhorar”.

(Aldir Paulino)

“Acho que não, tudo vai voltar ao normal, na hora do sofrimento todos nós pedimos a Deus misericórdia e pensamos em nos tornarmos pessoas melhores, mas depois esquecemos”.

(Amarílis Macêdo)

Além desse apanhado, conversei com alguns outros amigos e amigas que não fugiram disso.

Reforçaram que as mudanças ocorreriam mais nas relações de comércio e de alguns estilos de trabalhos.

Entendo que as relações familiares passarão para um patamar, pelo menos num primeiro momento, de melhorias do entender o outro como, também, frágil e vulnerável, que precisa de amparo constante e proximidade para ajudas mútuas.

Voltaremos realmente melhores depois que o ar da graça da liberdade de se locomover for restabelecido?

Diante dos dias atuais dá para sentir se estamos menos egoístas, mais solidários, mais humanos? Ou em nada nos modificou e em nada nos modificará?

As indagações estão na primeira pessoa do plural, mas a reflexão deve ser na primeira pessoa do singular. Afinal analisar atitudes e comportamentos pelas lentes menores do binóculo da mudança parece ser mais cômodo. Mas assim não tiraremos lições do hoje que nos sirvam para o amanhã.

Portanto, reflita eu.

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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