TEMPOS DE CRIANÇA – 

Olhando para o céu, pela janela do meu quarto, vi um urubu voando e lembrei-me do céu no meu tempo de crianças, onde a presença dessas aves era constante.

Gostávamos de olhar para o céu as nuvens brancas, nelas imaginava o formato de vários animais, tais como coelho, gato, boi. Leão, aqueles mais presentes no imaginário infantil

Era constante o barulho dos aviões da FAB os B25 e B26 e N A, os Teco – Teco do nosso Aero Club, os aviões de vôos internacionais que deixavam no céu uma pequena nuvem, devido à condensação do vapor de água.

Na Semana da Asa o espetáculo era na Praia do Meio, onde se apresentavam a Esquadrilha da Fumaça fazendo acrobacias no ar e os pesados bombardeiros tentando atingir alvos previamente colocados.

Olhar para o céu era diferente, na paisagem era constante a presença de pipas que nós chamávamos de corujas, a meninada de uma rua “brigando” com a meninada de outra rua. No “rabo da coruja” colocávamos uma gilete para cortar a linha da outra coruja, e quando isso acontecia à pipa ia caindo e a meninada correndo para pegá-las.

O lançamento do Sputnik (o primeiro satélite artificial) serviu para aguçar a nossas curiosidades de olhar para o céu, pois muitos desses satélites eram visto a olho nu mesmo em plena luz solar.

Existiam muitos terrenos baldios, e neles o mato crescia muito, alguns chegando a quase dois metros de altura e existia uma espécie que quando maduro soltava uma espécie de lã que subia, ganhando altura e a meninada gostava de ficar olhando.

Caçar libélula que chamávamos de zig zag, um inseto de asas transparentes que paravam no ar. Para a meninada eram os helicópteros que faziam parte no nosso exército.

À noite depois da reunião embaixo do poste íamos para as partes mais escuras observar as constelações celestiais, as mais procuradas eram as do Cruzeiro do Sul, Ursa Maior, Ursa Menor. Guardei este hábito até agora, quando chego a um lugar com pouca iluminação.

Alguns “sábios” dizem que olhar para o céu, em uma noite estrelada, mostra ao homem quanto ele é pequeno e como ele deveria ser mais humilde.

Neste parágrafo final, cito os versos do inesquecível Gonzaguinha.

“Eu fico com a pureza

Da resposta das crianças

É a vida, é bonita

E é bonita”

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor

As opiniões emitidas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *