AB JOSE MARIA FIGUEIREDO

José Maria Barreto Figueiredo

Hoje amanheci com um forte sentimento impelindo-me para voltar no tempo. Após tanta insistência, resolvi abrir as portas que me davam acesso ao passado.

De repente, ao atravessar o grande portal, surge a minha maior surpresa: como era maravilhoso o mundo que vivi, como era diferente do mundo de hoje; o professor Batalha que me ensinou a tabuada, ao som da palmatória, continuava lecionando da mesma maneira e os alunos também da mesma maneira aprendendo. Ao avistá-lo, com aquele seu semblante fechado, perguntei a um colega que estava em volta de mim: o que tem ele? Simplesmente o ABC e o Flamengo perderam, respondeu-me o interrogado, com indiferença. E eu, estupefato, continuei a assistir minha aula.

A Alexandrino de Alencar, a grande alameda da época, separava o povão da elite (Cidade Alta) e esta da classe média (Alecrim), e dali estendia-se majestosa, dominando o centro urbano.

Tota Pulchra Civitas Mea! Como diria Cícero: muito linda é a minha cidade, pensei comigo mesmo.

De repente, senti súbita vontade de regressar.

Por certo não aguentaria por mais tempo a saudade de dona Candinha, que no terraço de nossa casa, rezava piedosamente seu terço, enquanto por mim esperava. Era a hora de costume de tomar o gostoso cafezinho com o pão também quentinho da padaria Cial de “seu” Osmundo Farias.

Meu filho, dizia-me ela, sempre carinhosa, hoje você veio mais tarde. Na realidade, a hora era a mesma. Ocorre que ela sempre queria ter-me ao seu lado, se possível o tempo todo.

Em minhas reminiscências tenho agora a certeza, de que o tempo não existe no passado. Ele é estático. Fico feliz ao assim me convencer, pois um dia haveremos de nos reencontrar e conviver novamente com todas estas pessoas, pois do outro lado caminho, tudo permanece como antigamente.

José Maria Barreto FigueiredoPresidente da Facex

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