SUPERANDO ECOS DO PASSADO –

Começo lembrando ecos do nosso passado, nosso pecado original. O Brasil, ao abolir a escravidão, em 1888, não garantiu aos negros o acesso a uma educação de qualidade. Esse registro histórico é importante para explicar o enorme déficit que se foi acumulando devido a essa omissão do poder público brasileiro.

Em decorrência disso, a marca da desigualdade vem sendo passada de geração a geração.

Daí a grande responsabilidade que pesa sobre os ombros de todos nós para mostrar que não serão em vão os esforços para adquirir cultura e conhecimento. Do jeito que está hoje a situação, no patropi, é muito difícil convencer um jovem de que ele será capaz de ganhar mais dinheiro se continuar numa escola do que se entrar no circuito das drogas.

As evidências cotidianas provam o contrário: é muito mais fácil ser soldado do tráfico…

No caso do Brasil, há ainda o obstáculo do egoísmo secular e abissal da elite que se recusa a enfrentar esse quadro dramático; e fazer o que lhe cabe como classe dominante.

Paradoxalmente, todo mundo concorda que o grande desafio é transformar a Educação em alavanca do desenvolvimento. Nessa direção, os investimentos em tecnologia e, particularmente, as tecnologias de informação e comunicação (TICs), podem ser decisivas nesse processo.

Está mais do que comprovada a contribuição positiva que as tecnologias de comunicação podem dar na ampliação do acesso à educação e na melhoria da qualidade de materiais de aprendizagem a custos significativamente menores que os envolvidos em outras modalidades mais tradicionais de ensino, quando populações grandes e dispersas podem ser atendidas com mais eficácia.

A UNESCO tem procurado apoiar todas as possíveis formas de estender educação de qualidade ao maior número de pessoas possível e, no caso do uso das TICs, chama a atenção para o fato de que o uso combinado de várias tecnologias é provavelmente a melhor forma de atender aos fins educacionais de qualquer comunidade.

A base para uma adequada combinação de tecnologias na educação é o reconhecimento de que se devem mobilizar todos os recursos tecnológicos disponíveis para fins educacionais; e que os livros podem ser enriquecidos por outros meios para compor os elementos centrais na construção do conhecimento.

A educação presencial é e será ainda dominante, mas as universidades brasileiras, públicas e privadas, já começaram a oferecer cursos à distância, notadamente para a capacitação de professores.

A Internet já é um meio adotado por muitas universidades e é preciso estimular novas experiências na aplicação de tecnologias ao ensino no Brasil, seja na sala de aula ou à distância, na educação formal ou nas várias modalidades de educação continuada, ao longo da vida.

Por falar nisso, é preciso relembrar, até por se tratar de um gesto positivo muito raro na história do Rio Grande do Norte, a proposta de emenda à Constituição (PEC 277/08), com relatório do Deputado Rogério Marinho, aprovada na Câmara Federal.

O fim da Desvinculação das Receitas da União (DRU) para a Educação permitiu o aporte de mais R$ 23 bilhões para a pasta da Educação. Isso significou uma mudança de patamar que não se via desde 1988.

Além do fim da DRU, o texto propôs ainda mudanças capazes de alterar profundamente o financiamento da educação pública no Brasil. A principal mudança consistiu em vincular os gastos com educação ao Produto Interno Bruto (PIB). O parecer determinou ainda que o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) deverá fixar uma meta percentual de investimento público em educação proporcional ao crescimento do PIB.

Com essa perspectiva, e acreditando num futuro mais promissor, sou realista, mas com esperança de melhor qualidade de vida para o povo brasileiro.

Vislumbro uma sociedade em desenvolvimento acelerado, com redução das desigualdades, quando imagino que é possível nos apropriar da Tecnologia da Informação, para construir redes solidárias, que articulem experiências e práticas testadas historicamente, construindo para a nossa terra uma alternativa humanizadora, inclusiva, democrática e cidadã.

Sonho com o e-governo, o governo inteligente, onde o governante estará conectado permanentemente com seus auxiliares, outros governantes, outros níveis de governo e com as lideranças da iniciativa privada, em tempo real. Seria como nos redimir, reconciliando nossa sociedade com o seu futuro.

O Brasil vive uma recessão, e a crise é grave e complexa. Contudo, tempos difíceis também podem produzir soluções. Pela alternativa ousada do povo brasileiro: superar os ecos do passado, pela Educação!

Rinaldo Barros é professor – [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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