Fazia algum tempo que eu sentia a cabeça martelar de frustração, devido minha inabilidade no manuseio de equipamentos eletrônicos. Isso mesmo! Uma total falta de concatenação quando posto diante da complexidade operacional dos sofisticados aparelhos de processamento de dados e de comunicação.

 Acostumei-me a ver crianças de cinco, seis anos de idade, destrinchando aplicativos de Tablet, iPhone, iPed, iPod, iNão-sei-o-quê com facilidade incomum, enquanto eu patinava nas operações preliminares. Logo surgiu a dúvida e, dela, o questionamento: Falta-me tendência para a informática ou é burrice mesmo?

Aliviei-me porque o martírio resultou, em parte, num final feliz. Pesquisa recente feita na Inglaterra, deu conta da imperícia no manuseio da parafernália eletrônica por parte dos súditos de Sua Majestade Elizabeth II.

Cerca de 70% dos cidadãos utilizavam apenas as funções básicas daqueles dispositivos. Porém, a dificuldade não se restringia somente ao trato com equipamentos complexos. Incluídos estavam, também, aparelhos simples integrantes do cotidiano de cada um deles.

Do computador a máquina de lavar, passando pelo telefone celular, geladeira, máquina fotográfica e televisão, todos os eletro-eletrônicos comuns nas residências e nos escritórios.

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, ícone da televisão brasileira de 1950 a 1980, dizia: Eu vim para confundir, não para explicar! Adaptemos o jargão do apresentador para a atualidade: Se a gente pode complicar, pra que simplificar?

Os fabricantes, alegando adaptações indispensáveis, complicam esses aparelhos para encarecer as engenhocas. Entendo que, no Brasil, o resultado da pesquisa não seria diferente daquela realizada na Inglaterra.

É impressionante como a coisa funciona. Um exemplo é a máquina de lavar roupa. Uma vez localizado o painel, encontrar o interruptor liga/desliga já é uma baita sorte, pois teremos de visualizá-lo dentre a infinidade de botões idênticos. A partir daí, somente com o auxílio do intrincado manual de operação: nível de água, avança programa, performance, enxágue extra, função amaciante, e por aí vai.

A geladeira, antes um eletrodoméstico de fácil manuseio, agora contém verdadeira “Torre de Babel” de aplicativos. O forno micro ondas não foge a regra. Pra que tudo isso? Bastariam duas operações: ligar e desligar. E ponto final!

E o que dizer das máquinas fotográficas de última geração? O dispositivo criado, no passado, para registrar momentos de pura beleza e satisfação, hoje, não passa de uma máquina de fabricar debiloides em razão da complexidade funcional oferecida ao fotografo. E não me venham dizer que é fácil manuseá-la, pois existe até curso para tanto.

Abre-se o menu e lá surgem aplicativos do tipo ajuste de sombra, tamanho de imagem, compressão, modo AF, zoom digit, restaurar, orientação de foto, guia de ícones, flash remoto, marca de data, ver gravação, et cetera e tal. Por que não deixar tudo no modo automático para se resumir a operação com um simples click?

Nem falei ainda do top de linha do telefone celular nem do inigualável computador do momento. Agora que descobri não ser tão burro assim, dispenso explicações. Continuarei utilizando tão somente as funções básicas dessas doideiras digitalizadas. Isso se ainda as mantiverem nos equipamentos.

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]

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