SILÊNCIO URBANO – 

O Brasil está diferente e Natal também. E não poderia ser de outra forma. Algumas pessoas já estão agindo diferentemente do seu costume normal. Muita gente adotando o compulsório isolamento social em casa e isso a gente percebe pois não há quase ninguém andando nas ruas das cidades.

Por isso também são tão poucos os carros andando nas avenidas. O resultado é um grande silêncio urbano. Não se ouve buzinas, bate boca no trânsito, apito de guardas de trânsito, na verdade uma inquietante pasmaceira geral. E esse silêncio urbano já está doendo nos nossos ouvidos.

Ele está criando uma sequela perigosa do isolamento forçado: uma tristeza e angústia real e enorme, nos consumindo a cada um de nós. Isso se percebe quando falamos com os amigos via zap ou telefone. Todos já com os mesmos sintomas: muito nervosismo e grande inquietude.A solidão é de fato algo terrível.

Somos seres gregários. E esse afastamento, embora necessário, está enlouquecendo muita gente. Principalmente os que têm hábitos urbanos. Pois estão privados do encontro com amigos, de uma ida ao clube, a praia, aos bares e aos restaurantes.

Além do grave problema econômico que teremos quando tudo isso terminar, teremos também uma avalanche de pessoas indo ao psiquiatra. Uma epidemia atrás da outra.

Como se não bastasse tudo isso, percebemos que no Brasil politizaram a pandemia. Direita e esquerda se degladiam diariamente e se acusam mutuamente. As batidas das panelas não me deixam mentir. E alguns órgãos de comunicação enfatizam essa diferenciação e aterrorizam ainda mais a população já amedrontada e fragilizada.

Agora outro fato nos chama atenção. Notícias recentes nas mídias sociais dão conta de que tudo o que estamos passando pode ser uma guerra biológica sem precedentes, com o objetivo de parar o mundo. Meu Deus! A que ponto nós teríamos chegado. Mas essa conclusão também pode ser reflexo das incertezas sobre o grave momento que vivenciamos.

De uma coisa estou certo. Esse silêncio urbano que presenciamos precisa ser melhor aproveitado. Para refletirmos sobre a nossa pequenez como seres humanos. E para meditarmos sobre os caminhos a seguir no futuro próximo.

Para darmos valor ao que realmente importa: a nossa própria família e as boas amizades que construímos com o tempo. E finalmente, para nos fortalecermos como gente, como pessoas. E definitivamente nos aproximarmos, como cristãos, mais de Deus.

Precisamos tirar o máximo proveito dessa situação, torcendo para que as autoridades cumpram seu papel na busca de soluções para o problema que nos acomete. Despolitizando o crucial momento que vivemos. E que nos encontremos conosco mesmos.
Aumentando nossa fé de que tudo passa, tanto as boas como as más coisas.

E que fiquem conosco apenas os possíveis ensinamentos que essa situação estará a nos mostrar.

Nelson Freire – Jornalista, editor do Blog Ponto de Vista, economista e advogado

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