AA EDUARDO VILAR

Eduardo Vilar

Em Santiago de Compostela tive a oportunidade de observar nos peregrinos, após longas e exaustivas caminhadas, a emoção que eles demonstravam, ao avistar na entrada da “Plaza do Obradoiro” a gloriosa catedral de Santiago. A nitidez resplandecente em suas faces sinalizava um sentimento de fé, de esperança, que fluía de uma maneira sublime, irradiando luz e iluminando todos nós, cristãos.

A história nos reporta que Santiago Maior, um dos doze discípulos de Jesus, após a ressureição de cristo, viajou para a região da Galícia, península Ibérica, cujo intuito era divulgar as mensagens do Mestre. Passaram-se anos e ao retornar a Palestina, o apóstolo foi decapitado, por ordem do rei Herodes Agripa e, em seguida, o seu corpo foi lançado às feras, dilacerado foi piedosamente recolhido pelos discípulos Teodoro e Atanásio.

Conta à lenda que Santiago foi colocado em um ataúde de pedra e transportado em um navio de volta às terras ibéricas sendo sepultado na cidade de Iria Flavia.

Um monge denominado Pelayo, por volta do ano 813, isolou-se em um bosque para viver como eremita. Certo dia, ele vislumbrou uma chuva de estrelas cadentes e seguindo aquele fenômeno, deparou-se com um antigo cemitério. Para aquele fenômeno denominou de “campo de estrelas”, que em latim chama-se campus stellae, daí a origem da palavra Compostela, todavia, existem muitas outras versões para o nome Compostela.

  O bispo galego Teodomiro informado do ocorrido, dirigiu-se ao local e verificou que havia um sepulcro de pedra com inscrições e as identificou como sendo de Santiago Maior e dos discípulos, Teodoro e Atanásio.

O rei de Astúrias, Alfonso II, o Casto, ao tomar conhecimento da descoberta, ordenou a construção de uma capela de pedra sobre o sepulcro, no ano 829. A notícia da descoberta do túmulo espalhou-se rapidamente por toda parte, fazendo com que Compostela se tornasse um novo lugar de peregrinação da cristandade.

A invasão islâmica da península Ibérica iniciou a partir de 711 e nos séculos seguintes, os muçulmanos foram aumentando as suas conquistas na península, chegando a Santiago no ano 997. No combate contra os galegos o antigo templo sobre o túmulo de Santiago foi destruído e incendiado pelos mouros sob o comando de Abu Amir al-Mansur, conhecido como Almanzor.

  Muitos acontecimentos ocorreram naquela época, e, somente, entre os anos de 1075 a 1128 é que uma nova catedral de Compostela foi construída, justamente durante a reconquista cristã e é a que perdura até dias de hoje.

Em Compostela, participei da missa do peregrino que, normalmente é realizada ao meio dia. A catedral estava repleta de peregrinos em busca de uma benção, de uma proteção divina.

Durante a celebração, realiza-se o ritual do “Botafumeiro” que é um turíbulo com muita fumaça e incenso que balança como pêndulo purificando o ambiente.

A gastronomia em Santiago é variada, apetitosa e interessante. O prato mais tradicional é o Pulpo a la Gallega, ou polvo a galega. Trata-se de um prato de polvo temperado com azeite, sal e pimenta. Os frutos do mar, como mexilhões, ostras, caranguejos, camarões e lagostas, além do peixe que é de ótima qualidade, fazem parte desta culinária. Agora, para acompanhar todas essas iguarias é necessário um bom vinho galego e, não podia deixar de ser, o Alvarinho branco.

Eduardo Vilar – Prof. Doutor em Engenharia, Jornalista, Escritor, membro do IHGRN

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