QUEM MUITO SE ABAIXA… –

…faz mais caridade. As pessoas têm o hábito, muito feio, por sinal, de achar que ajudar, compartilhar ou diminuir a dor do próximo é humilhante, é sinal de “rebaixamento”. Pois bem, se Jesus, que era quem era, independente da crença do leitor, lavou os pés de seus apóstolos e nem passou pela cabeça de ninguém que tal ato poderia lhe diminuir a bondade, o poder e a dignidade, por que nós, almas tão mais simples que ele, relutamos em dar a mão ao irmão, em parar por um segundo nossos importantes e mirabolantes afazeres para auxiliar aquele que pode estar representando hoje o que seremos amanhã?

Por que é tão importante sentar num trono, no alto do castelo da nossa arrogância, soberba e, quiçá, falta de cultura, e ignorar, pisar e julgar um irmão quando sabemos que o ciclo da vida é infinito e, como tal, o que é hoje pode não ser amanhã e vice-versa?

A magnitude do ser não está na altura em que ele se coloca perante o próximo, mas no quanto ele pode ser útil. O amor não é uma pílula que se toma ou um botão que se liga, o amor é a essência e o alimento do que somos e dele originam-se todos os demais sentimentos puros e sinceros.

Assim como a mãe ama uma criança que ainda não viu, pois está em seu ventre, uma avó ama seu neto, e ambas o fazem sem saber se vão ser amadas de volta, sem conhecer aquela criaturinha que ambas deram a vida para tê-la. Amam sem esperar, nem querer nada em troca, sem troco, nem devolução, porque o amor não é uma transação comercial. O amor é, simplesmente, amor.

Esse mesmo sentimento que dedicamos aos nossos e com as mesmas bases, de não conhecer, não esperar, não perguntar, o Mestre Jesus nos ensinou a perdoar, a acreditar nas pessoas e naquilo que não podemos ver ou tocar. Ensinou-nos a distribuir, vida afora, amor, ajuda e perdão de olhos fechados, sem cálculos, sem lógicas, sentindo, apenas, aquilo nos preencher, nos alimentar e fazer nascer mais dele dentro de nós. Como uma fonte eterna, inesgotável, o amor preenche mais, à medida que mais o damos. E, assim como ele, é a caridade, a generosidade, que pode se tornar um hábito, um costume que nutre ao mesmo tempo quem dá e quem recebe, sem orgulho, sem temor.

Agindo assim, semeamos um mundo de flores, de perfumes e de alegrias para as atuais e futuras gerações. Agindo assim, aprendemos e ensinamos, caindo, levantando e começando tudo outra vez.

 

 

 

Ana Luíza Rabelo Spenceradvogada ([email protected])

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