QUE VINHO É ESSE? –

“Uma taça de vinho, uma taça apenas de vinho tinto… E a gente já tem o pretexto perfeito para agir por instinto”(Elisa Salles).

Provavelmente você fez ou ouviu essa pergunta quando estava degustando um vinho com amigos ou num encontro mais formal.

De alguma maneira aquele vinho chamou sua atenção pelo visual, pelo aroma, pelo gosto ou por toda essa experiência aprazível de caráter sensorial.

Daí você pede para ver o rótulo, lê e ainda fotográfica, para amanhã ir de adega em adega para adquirir e, na primeira oportunidade, se deleitar em novos prazeres com aquele vinho pelo qual tornou-se íntimo.

Pronto! Comprou a única garrafa que estava na prateleira. Com um carinho todo especial colocou-a na adega caseira e pôs-se a idealizar o momento de reviver a amizade degustativa com “aquele” vinho.

O que define o gosto pessoal por um determinado vinho?

Na verdade não precisa você justificar esse chamego tão intenso por um determinado vinho, tal qual qualquer outro amor também intenso.

Certamente seu gosto denota que sua experiência com esse vinho deixou um sabor marcante em sua memória, a ponto de lembrar dos detalhes tais como, a cor e formato da garrafa, imagem e informações do rótulo, a opinião de quem estava ao seu lado, o local e claro da companhia que sorria ao contemplar você com tamanha alegria.

Em toda loja que entra procura pela garrafa no expositor, apenas com o propósito de alimentar o ego e, quem sabe, partilhar com algum incauto que ali está, garimpando um vinho ou outro, sem se definir qual comprar. Surge então um momento para demonstrar todo o meu amor por aquele vinho que está guardadinho lá na adega. Posso ajudar? E faz a indicação, na esperança de que o “indeciso” assuma, sem mais delongas, a sua sugestão.

Para uma simples indicação é necessário que se faça algumas perguntas:  1) Para qual ocasião busca o vinho (um jantar, um encontro, uma festa, um momento a dois)? 2) Prefere um vinho mais leve ou mais encorpado (com maior concentração de compostos que exige um paladar mais apurado)? 3) Qual a faixa de preço que procura?

Claro que outras tantas perguntas poderiam ser feitas, mas essas dão um norte para indicação a algum apreciador ou presenteador com o qual você não tem conhecimento sobre qual a relação que o mesmo já acumula no mundo mágico dos sabores e aromas do vinho.

Ter o cuidado ao falar sobre vinhos, pois não devemos impor conceitos e fazer com que o outro tenha as mesmas experiências sensoriais que você.

Afinal devemos compreender que cada um tem o seu próprio gosto e a sua forma de saborear o vinho que escolhe.

A propósito, quantas vezes você foi lá na sua adega, puxou aquele vinho pelo gargalo, olhou para o rótulo e com “pena” de abrir, delicadamente colocou a garrafa para o lugar e tirou uma outra para o deguste do momento? E ainda pensou: “esse vinho é para um dia especial”. E assim vai adiando a renovação do prazer sentido ou até mesmo de ter uma nova opinião sobre o vinho que guarda não sei pra quando realmente.

Outro ponto importante é saber que todo vinho tem vida finita. Mesmo os vinhos de guarda (20 anos ou mais), um dia terão seu “fim”. Daí de vez em quando, gostamos de um determinado vinho e depois de um tempo não mais encontramos no mercado, simplesmente pelo fato de estar esgotado.

Lembre-se, aquele vinho que você gostou e adotou como sempre ele, não foi produzido apenas para você e sim para todo um mercado consumidor mundial. Logo tem seu limite por safra produzida.

Seja ousado. Dê vez a um outro. Não trave seu prazer por alguns “tostões” a mais por uma nova amizade dionisíaca.

A máxima do vinho é: Experimente-me!

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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