QUE BAGUNÇA É ESSA?! –

Quem não lembra dessa indagação, com entonação de reprimenda, que a nossa mãe dizia ao entrar no nosso quarto quando garotinho ou adolescente?

Pois bem. “Que bagunça é essa” está em moda e muito atualíssima, sem nenhuma previsão de ordenamento.

Convivemos, hoje, com uma bagunça generalizada. Nenhum setor da sociedade está fora desse câncer que tomou conta das instituições, quaisquer que sejam. Todas as esferas governamentais, políticas, jurídicas, religiosas, educacionais, comerciais, familiares estão desorientadas e sem rumo, quer na qualidade do atendimento, quer na formação moral e social do cidadão. Basta ver o desespero das famílias quando buscam qualquer um dos seus mais simplórios direitos, não em si, mas pela reciprocidade do desembolso abusivo, pela carga tributária que consome o salário (de quem ainda tem), de forma devoradora, sem nada, a não ser engodos, em retribuição.

A pandemia, além de destruir vidas e famílias, também está servindo de pano de fundo para desmandos e mais desmandos, realçando incompetências e outras mazelas que estavam disfarçadas, mas nem tanto, na maioria dos nossos líderes (e ainda existem?).

Nenhuma palavra é pronunciada com conteúdo verdadeiro. Todos utilizam artifícios para depreciar o outro. Quem fala mais rebuscado parece iludir com mais eficácia o cidadão comum.

Olhe a bagunça que virou a vacinação contra o coronavírus. Olhe a bagunça que viraram as instituições comerciais e bancárias com suas centrais de “atendimento ao cliente” que não atendem. Ou você crava a opção que a voz “Lombardi” impõe  ou não tem acordo. Você fica vendo a lua. Ou melhor, fica ouvindo músicas e mais músicas, até que “cai”. Você recomeça: se isso tecle 1, se aquilo tecle 2, se aquilo outro tecle 3 e assim até tecle 9 para voltar ao menu anterior. Enche o saco.

Nos chats, em que antes você digitava o seu problema técnico ou financeiro e uma “alma” viva atendia a sua reclamação, agora é unilateral. Seu problema tem que ser um problema que está listado, se não, você vai para as cucuias.

As malditas centrais das operadoras de telefonia, de provedoras de internet e de TV por assinatura passam o dia todo sacaneando com nossa cara, ligando a cada meia hora.

Olhe a bagunça das falsas mensagens, falsos e-mails dizendo que você comprou isso, que sua nota fiscal segue anexa, que a Receita Federal pegou você, que tem um Boletim de Ocorrência, que o banco precisa atualizar seu cadastro, e por aí, vai tirando seu e o meu sossego.

Olhe a bagunça com as correspondências: as minhas são sempre entregues (tudo de uma só vez), pelos Correios, quando já estão com os prazos vencidos.

Olhe a bagunça das restrições no auxílio ao combate do coronavírus: ora pode ora não pode. Ora só até ali, ora só até acolá. Ora até 20 horas, ora até 23 horas. Horas bolas.

No banco em que você tem conta, não pode entrar, não pode regularizar nada, nem abrir uma conta. É o fim do mundo. Uma bagunça.

É, mamãe! Quantas saudades da sua reprimenda: “Vamos deixar de bagunça”.

Não tenho nenhuma dúvida: o mundo está uma desarrumação sem igual. Mas aqui no torrão, “nestes mares nunca dantes navegados”, está além de uma bagunça: está uma desmoralização social.

Estaria na hora de um novo dilúvio? Esse de inundar as instituições, órgãos e empresas no restabelecimento dos princípios da eficiência (trabalho bem feito) e da eficácia (fazer o que precisa ser feito)?!

Tente dar um passo em busca de uma solução em qualquer órgão público ou privado e verá o que é uma gigantesca baderna.

Pelo serviço mal prestado ou não prestado ao cliente/consumidor, ainda têm o descaramento de pedirem que o “abestalhado” responda a uma pesquisa de satisfação (que não serve de nada para aprimorar a qualidade do atendimento).

Sabe aqueles quadros colocados nas salas de atendimento ao público descrevendo a “Missão” e a “Visão” daquela instituição? Pura balela.

Amigo leitor, não é um desabafo. É a realidade nua e crua.

Você já teve alguma experiência com esses desserviços?

Eita bagunça!

Você gosta? Eu não.

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *