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QUANTO TEMPO EU AINDA TENHO? –

Instigante essa indagação utilizada em situações e condições as mais diversas.

Para o desarmador de bombas tem um significado; para o cirurgião, outro; para uma criança que não se cansa de brincar, outro; para aquele que tem sua saúde limitada, outro; e para aquele que acredita na sua “imortalidade”, outro.

Porém, há de se concordar que, para qualquer ser humano, também essa pergunta é pertinente. No entanto, neste caso, é impossível prever.

Mas, quanto tempo ainda eu tenho?

Certamente Deus manda sinais sobre a proximidade (sem sabermos quando) do final da nossa missão terrena.

Disso me arvoro pelo encontro com alguém que não via há tempos e, em determinado momento, ali está. Pessoas que nos marcaram com pequenas rugas, ali estão a nos falar e a abraçar um ao outro, sem resquícios de mágoas no coração.

Casos materiais insolúveis se apresentam com novas roupagens em soluções simples para tão “problemáticos” concebíveis.

Aproximações espirituais na família ou fora dela, se revelam tão verdadeiras, que restabelecem vínculos perdidos pela indiferença e egoísmo.

É como se a beleza, além do que em si encerra, fosse alargada ao ponto de entendermos o nosso lugar no mundo.

É possível perceber a caminhada mais simpática, mais consciente em amor e respeito com o outro, sabedor que ele também utiliza o mesmo caminho que nos leva ao fim da jornada.

Outro sinal é o quanto vamos sendo “desapegados” pelos filhos, netos, irmãos, amigos de forma gradual até ao estágio da solidão.

Aqui aproveito para diferençar solidão de solitário. Solidão expressa um sentimento, “dramático”, contraditório – mesmo sociável, absorto, ignorado, insignificante ao outro. Requer amadurecimento espiritual entender o seu “silêncio”. O solitário estabelece uma condição opcional: estar só. “Vejo, falo, escuto, participo, mas quero estar só: no meu cantinho”. Não curte “silêncios”, mas a partir de determinado momento retira-se. Não pensa no amanhã, quando o “estar só” se transformará em “ser só”.

Quando visito um lar de idosos, não sei o que dizer ao ser abordado pela súplica da dúvida: “- será que meu filho vem me buscar?” ou pela súplica da certeza: “- não tenho ninguém para esperar”.

O padre Milton Ferreroni – Opus Dei, no “Recolhimento” sobre o tema “Enquanto é Tempo”, nos alertava sobre “porque perdemos tempo se não sabemos quando será o fim da nossa jornada” e ressaltava que não possuímos a condição de dizer: “Está tudo consumado”, pois somente a Jesus foi dado conhecer o início e o fim de sua missão.

Portanto não adie a possibilidade de rever um amigo, de visitar um doente, de ajudar um necessitado, de pedir perdão, de perdoar, de fazer o bem (sem olhar a quem), de sorrir, de incentivar, de brincar com uma criança, de ouvir o que o outro tem a dizer, de amar seus pais, de ser atencioso com seus filhos, de ser carinhoso com seu cônjuge, de fazer acontecer.

Mantenha uma relação honesta com a verdade, pois não saberemos quando e como será que nos veremos frente a frente com Deus.

Indague sempre: “Que valor tem, perante Deus, aquilo que faço?”.

Não somos dono do tempo, apenas administramos o tempo (desconhecido) que Deus nos emprestou.

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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