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A falta de chuvas vem causando um enorme frisson em todo o nosso país. A seca começou em São Paulo, e fez com que os paulistas experimentassem as mesmas angustias históricas sofridas por nós nordestinos. Mas de repente, o fenômeno começou a se generalizar e alcançar também outras regiões brasileiras. Dessa maneira, muitos estados passaram a sofrer os efeitos de uma onda de calor recorde. E com a crise da água surgiu também uma inquietação imensa, por ela mostrar a completa fragilidade do nosso sistema de geração de energia elétrica.

O fornecimento de energia se tornou comprometido na região Sudeste, especialmente na Grande São Paulo e no Rio de Janeiro. Pela falta de chuvas e pelo aumento do consumo que cresceu de forma acelerada nos últimos três anos. O nível dos reservatórios começou a cair e chegar a níveis insuportáveis, se equiparando ao verificado no Nordeste, em períodos de seca inclemente. E se sabe que, persistindo a tal onda de calor excessivo durante o mês de fevereiro, o problema tende a aumentar de gravidade, com reflexos econômicos bastante danosos.

Apesar das autoridades buscarem culpar São Pedro, o fato é que os técnicos são unânimes em afirmar que a responsabilidade por esse estado de coisas é do próprio Governo Federal, pela total e absoluta falta de planejamento na área de energia. Num momento impróprio se promoveu uma redução do preço da tarifa para o consumidor, contestada na ocasião pelas distribuidoras, o que resultou num prejuízo imenso. E desaguou no coitado do consumidor a obrigatoriedade de pagar essa conta, para repor o custo de entrada na rede da energia cara gerada pelas termoelétricas.

Várias hidrelétricas estavam com construção prevista para esses últimos dez anos, mas simplesmente nada aconteceu. Por isso, mesmo com a importação de energia de países vizinhos como a Argentina, por exemplo, as áreas do comercio e da indústria, principalmente essa última, temem que não haja suprimento suficiente de energia em 2015, o que pode acarretar em desaceleração do ritmo de investimentos até o final do ano. Com isso o nosso crescimento econômico poderá até se tornar negativo. E com o risco da sociedade passar a sofrer com a proliferação dos famigerados apagões.

Pelo menos aqui no Rio Grande do Norte as coisas começaram a melhorar. E isso porque as condições climáticas do oceano Atlântico já se mostram mais favoráveis ao advento de um inverno mais ou menos regular. Isso é uma informação alvissareira, na medida em que ela nos dá um grande alento. Afinal, estávamos absorvidos com as noticias da falta d’agua no sudeste, esquecidos de que por aqui já começávamos a sofrer com a nossa própria estiagem. E que ela já vinha aterrorizando o sertanejo ha alguns meses. Daí porque ele está festejando com grande euforia as primeiras chuvas do ano.

Resultado da crise de energia entrou em cena a chamada bandeira tarifária, em vigor desde o mês de janeiro próximo passado. Seu objetivo é repassar de forma mais rápida às contas de luz o aumento de custos para geração de energia elétrica. Ela adota as cores verde, amarelo e vermelho, e através dela o consumidor pode saber, a cada mês, se está pagando mais caro ou não pela energia que gasta. Só que agora em fevereiro ela já vai ter o seu primeiro aumento. Por isso o consumidor que ainda não está habituado a essa mudança, já começou a perguntar, indignado: afinal, quando usaremos a bandeira branca?

Nelson FreireEconomista, Jornalista e Bacharel em Direito

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