QUAL É O SEU RECADO? –

Numa dessas idas a uma  farmácia coincidiu de encontrar um amigo, também “cardíaco” e, como há algum tempo não nos encontrávamos, devido ao atual momento de reclusão, a nossa saudação foi de alegria distanciada. Já de saída, eis que sou ‘barrado’ pelo apelo de que queria me dizer algo. Prontamente esperei. Disse ele: “Amigo tinha uma coisa para te falar, mas não lembro mais o que era”. Dei o tempo necessário para que sua memória fosse varrida pelo scanner da lembrança, mas não adiantou. “Depois eu lembro e ligo para você”.

De volta para casa fui tomado por uma indagação de curiosidade e reflexão: qual o ‘recado’ a ser dado pelo amigo naquele momento?

Sabemos que em nossa vida estamos permanentemente recebendo recados de fontes diversas, tais como, da natureza, dos acontecimentos diários, das pessoas que nos amam e das que nem tanto, e de Deus. Nos são ditos de forma direta ou por meio de alguém que nos dirige um olhar, um sorriso, um franzir de boca, uma lágrima, pela atitude adotada, pelo ato de falar ou ainda pelo simples silenciar.

O que nos parece difícil extrair disso tudo é o que esse recado quer realmente nos dizer. Certamente alguns podem passar despercebidos, outros porém tocam o nosso senso de percepção e acende a luz da ponderação.

Um fator que merece destaque é que todos temos um recado para dar, mas quando precisamos ouvir nos sentimos incomodados, pois não estamos ‘abertos’ à voz que nos procura.  No entanto, quando queremos dizer algo a alguém, muitas das vezes, não esperamos nem o momento mais adequado para tal. Somos rápidos no falar e lentos no ouvir, por quê?

Porque, primeiramente, ao invés de “conhecer” como o outro é ou está emocionalmente envolvido com as circunstâncias da vida que experimenta, usamos a nossa régua graduada de conceitos e valores, como sabedores únicos do que é bom e ruim, certo ou errado, verdade ou mentira. Aquele auxílio deixa de ser uma relação afetiva de ajuda ou reorientação e passa a ser um julgamento daquilo que acreditamos. Se é bom para mim, é bom para você.

Cada pessoa é muito mais do que aparenta. O que enxergamos é apenas o “aparente do oculto” de sua essência, e isso pode nos levar a enganos e a preconceitos que nos ofuscam em olhar o outro como ele realmente é.

Sabendo que a vida do outro não é separada do compromisso cristão de respeitar as chagas abertas pela vicissitudes do seu caminhar, aí é que entra a caridade.

Ouvir, em comunhão com o falar do outro, coloca em sintonia o pulsar dos corações envolvidos com o coração acolhedor de Deus.

Portanto cada recado dado ou ouvido promove em nós e no outro, a paz, o conforto e a direção com os recados sábios de Deus.

O meu recado para você é bem conhecido: “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos”. (Provérbios 16:3)

Outras pessoas também estão querendo te dar um recado, dê uma pequena atenção a elas. Pode ser que seja algo gratificante e edificador.

Qual é o seu recado para para aquele(a) que tanto espera ouvir a sua voz?

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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