PROCURA-SE UM MEDIADOR

O RN está vivendo uma crise sem precedentes. E no meio desse tumulto, percebe-se algumas nuances preocupantes. Uns, preconizam o quanto pior, melhor. Outros politizam a crise. Poucos são os que atuam para finaliza-la. Lembra muito o velho jogo do cabo de guerra. Quanto mais se puxa nos dois lados, mais ela estica e corre o risco de romper. Para qual lado? Aí é que reside a dúvida. Qualquer que seja ele, a sociedade como um todo é que paga o pato.

Há aqueles que a encaram sob a ótica da legitimidade ou da legalidade. Aí as alternativas também não são as melhores, pois apenas a imposição e a aplicação de leis e sanções nao solucionam as causas reais nem eliminam a verdadeira raiz do problema. Que é grave. Gravíssimo. Pois quando ele atinge o bolso das pessoas, e acarreta a falta de pão na mesa, deve ser considerado prioritário e carente de urgente solução.

A crise chegou num ponto tão crucial, que torna-se necessário algumas reflexões. Por que ela está acontecendo? Ela é de fato uma crise anunciada? O que o Governo fez ou deixou de fazer para que ela chegasse a esse nível? O que está acontecendo agora é a somatória de vários erros acumulados de governos passados? Ou é uma coisa que caracteriza o momento atual, causado pela ausência de planejamento, por um discurso vazio, pela falta de liderança política e a falta de um projeto de governo realista condizente com a realidade econômica e financeira do estado?

No meio desse estado de coisas, as partes se digladiam, cada uma defendendo sua verdade. E a crise assume proporções alarmantes, como já é público e notório. Notícia insistente e recorrente nos noticiários nacionais e até internacionais. No caso da Segurança Publica, impondo a vinda da Guarda Nacional e de militares do Exército brasileiro ao estado, em pleno final do ano. Situação que, além da inquietude dos cidadãos, já revela um outro resultado maléfico: a queda da nossa maior atividade econômica, o turismo, que otimiza mais de cinquenta atividades ao seu redor.

Nesse momento lembro dos filmes policiais que assistimos na TV. Nos momentos mais difíceis, aparece sempre a figura de um negociador, alguém com muito equilíbrio, sangue frio, e dono de uma invejável inteligência emocional. Que tem a difícil missão de intervir entre os lados para negociar a melhor saída, a melhor solução, qualquer que seja o tipo do conflito. Seja num sequestro, num assalto com reféns, ou algo parecido.

A crise da saúde e dos policiais civis e militares no Rio Grande do Norte está precisando urgentemente de alguém que faça essa mediação. No caso específico da crise da segurança, já são mais de duas semanas cheias de tensão. E que parece não ter fim a curto prazo. E são muitas as forças que de um jeito ou de outro participam como coadjuvantes nesse confronto. Além do Executivo, vemos o Judiciário, o MPF, entre outras, cada uma com uma visão diferente, o que dificulta a solução tão ansiada pela população.

Cresci ouvindo uma máxima que diz ser melhor o pior acordo do que a melhor briga. Parece que esse ditado anda esquecido por essas bandas potiguares. Mas, de repente, num contraponto a essa constatação, percebe-se que alguns poucos já procuram esse caminho. O difícil caminho da busca das soluções possíveis. Ou de quem as possa promover. Quem se habilita? Onde está o Legislativo Estadual? Onde estão nossos representantes no Congresso Nacional?

Procura-se urgentemente um mediador. Pois só com o uso da inteligência emocional se evita vitórias como a de Pirro. Em qualquer situação. A continuar assim, perderemos todos nós. Os cidadãos, os servidores, os policiais, o governo e o sofrido Rio Grande do Norte.

 

 

Nelson FreireEditor do Blog Ponto de Vista

 

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