POR FAVOR, A CARTA DE VINHOS! – 

Mania ou cuidado?

Confesso que sou “viciado” em querer conhecer os vinhos que os restaurantes colocam à disposição de seus clientes. Se entro num deles vou logo pedindo: Por favor, a Carta de Vinhos!

Claro que minha amada, Cléa Maria, não perde a oportunidade de contrapor: “Deixe de mania”. Eu retruco: mania não; cuidado.

Discretamente (será?) confronto a carta de vinhos com o menu oferecido, apenas com o intuito de inferir se foram montadas a partir de “entendimento” entre um e outro.

Não é raro encontrar um aviso – “Renovamos nosso Cardápio”, mas a carta de vinhos continua a mesma.

Vamos entender então o que uma Carta de Vinhos nos informa e como fazer a escolha certa para acompanhar (harmonizar) com o seu prato preferido.

Fácil não é, mas não poderemos nos esconder atrás disso para deixar de buscar o melhor entre as opções apresentadas.

A escolha do restaurante, por suas especialidades, é um fator bastante útil para direcionar seu olhar para os itens da Carta de Vinhos.

Peixes e outros frutos do mar, carnes variadas, saladas vegetais, comida japonesa ou mexicana e peruana, a princípio, nos direciona para a escolha do prato ou do prato para a escolha do vinho.

Numa relação simples, (não é regra), escolher vinhos tintos para acompanhar carnes vermelhas. Vinhos brancos refrescantes para carnes brancas (peixes, frutos do mar) e risotos feitos com o mesmo tipo de vinho. Vinhos Rosés, ótimos em parcerias com carnes magras (grelhadas e assadas), saladas variadas. Vinhos doces com alimentos também doces. Espumantes combinam com grelhados, risotos, massas e até caranguejo e siri (podem crer). Os espumantes rosés brut são perfeitos com aperitivos (brusquetas) e queijos de massa branca. Em qualquer das combinações evite molhos ácidos. Vinhos não gostam de limão, vinagre e pimenta ardida.

Complicou? Chame o Sommelier! No restaurante que você está, não tem?

Clama. Vou tirar você dessa laçada. Está acompanhado “romanticamente” ou com amigos? No primeiro caso, faça uso de uma afirmação efetiva (isso mesmo): “Amor vamos degustar um vinho!” A concordância também será positiva. Agora amplie o campo: “Prefere um vinho branco, um rosé ou um tinto?” Preste atenção se a resposta for: qualquer um. Assim, para se prevenir, sugira logo: “Que tal um vinho rosé aromático e refrescante, enquanto escolhemos o prato principal?” Ela vai perceber o quanto você deseja agradá-la.

Se estiver com casais amigos, compartilhe a carta de vinhos com eles, também com um “pequeno” direcionamento: “Vamos começar com um vinho branco para “educar” as papilas gustativas?”. “Depois passaremos para um tinto!”. Como sugestão, prolongue ou repita a casta do vinho escolhido para acompanhar o prato preferido.  Muitas vezes, em função da quantidade de amigos e, com certeza, da diversidade de paladares, não será possível seguir à risca a harmonização e sim deixar a escolha livre, conforme o entendimento com os demais.

Tem o Sommelier?

Quase sempre o Sommelier participa da elaboração da Carta de Vinhos tendo como base o mercado local fornecedor e da tendência gastronômica da atualidade. Converse com ele, manifeste a intenção do que pretende saborear e peça sugestão sobre o vinho para acompanhar o prato escolhido.

Um detalhe não pode passar despercebido: se a Carta do Vinho possuir uma quantidade mínima de opções, certamente não terá também esse profissional – sommelier, e sim, um garçom que serve o vinho, sem a especialização necessária para tais orientações.

E os preços da Carta de Vinhos?

O preço de um vinho em um restaurante não será o mesmo que você compra numa loja ou supermercado. No restaurante você tem o serviço a seu dispor (a adega, a taça, o ambiente refrigerado, a música, o servir, a orientação), que agrega valor ao preço final do vinho. Em casa, você tem que dispor sob sua responsabilidade todo esse serviço. Sendo assim, procure a faixa de preço que melhor se adapte à ocasião e aos participantes.

Caso tenha dúvida sobre algum preço, pergunte se há outros vinhos naquela faixa de preços. Às vezes, novos rótulos, ainda não foram incorporados à carta em vigor e a casa está em debut com a apresentação dos mesmos.

Alguns restaurantes permitem que você leve o seu vinho preferido cobrando uma taxa, “rolha”, por cada garrafa. Em outros, consentem e não cobram nenhuma taxa. Nesse caso é salutar que consulte se o vinho que pretende levar, consta no portfólio do estabelecimento. Se sim, aconselho que também peça um da Carta de Vinhos mantendo a relação de cortesia com casa.

Uma Carta de Vinhos cuidadosa traz informações auxiliares além do nome do vinho e do preço. A safra, a vinícola, a uva, a região e o país produtor, ajudam numa escolha mais sensata. Não se prenda sempre ao mesmo vinho de experiências passadas. Ouse. Seja curioso em conhecer outros vinhos.

Atenção: não troque o prazer de estar com os amigos por causa da Carta de Vinhos. Afinal estar com os amigos numa agradável conversa, não tem preço.

No próximo encontro faça um contato prévio com o restaurante pré-selecionado e conheça as variedades dos vinhos, as condições (se tem adega ou não), os preços, se cobra “rolha”, horário de funcionamento e se tem sommelier.

Não faltará momentos para apreciar um bom vinho e um bom prato.

Um brinde!

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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