AS CORES NA TV: UMA NOVA MAGIA – 

Minha curiosidade infantil e também pré-adolescente já tinha atingido níveis inimagináveis para aquelas fase de vida. Descobrir o aparelho e ter um próprio anos depois foi o máximo. Conhecer de perto como se fazia as programações foi algo além de sonhar como tudo aquilo cabia naquela caixinha mágica de imagem e som. Tive lá alguma dose de sorte ou predestinação, por ter alguém da família dentro daquela realidade. Ou melhor, dentro da tal caixinha mágica.

Mas, a vida real não era bicromática, em preto e branco. E por que a TV não revelava as cores? Parecia que faltava algo nessa magia. Claro que a tecnologia já se encarregara disso. A própria Copa de 70, fora do Brasil, já captara as imagens daquela vitoriosa “camisa amarelinha”. A Copa de 74 foi 100% colorida para o Brasil, uma vez que a empresa alemã Telefunken havia desenvolvido o sistema de transmissão PAL-M. Desse modo, os aparelhos dessa marca já estavam em comercialização desde 1972. O novo sonho seria mudar da pequena Colorado RQ para uma Telefunken incrementada pela magia das cores.

Vale lembrar que, para dar os primeiros estímulos a esse bem ainda de luxo, neste mesmo ano se tem o registro da primeira produção colorida ocorrida no País. A TV Difusora de Porto Alegre fez imagens de algo que, em si, representava bem a realidade policromática: a Festa da Uva, de Caxias do Sul. Logo, a TV Globo ousou em produzir sua primeira novela em cores, em 1973. Para quem pode ter esse aparelho pouco acessível em casa, deleitou-se com aquela fantástica obra do mestre Dias Gomes – O Bem Amado.

Confesso que já me aventurava, apesar do horário e da pouca idade (12 anos), na curtição representada pelos personagens Odorico Paraguaçu, Zeca Diabo e Dirceu Borboleta. Tudo em P&B, claro. A grana curta não me permitia ver Sandra Brea como ela era, porque o projeto de TV nova e em cores lá em casa durou ainda mais 3 anos.

No entanto, essa da beleza colorida de certas musas de um adolescente contarei no próximo texto.

 

https://www.instagram.com/p/CFCjoPAhocX/?igshid=12fci5kta28gx

 

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *