A indústria televisiva pelo lado da oferta –

A história de 70 anos da TV no Brasil teve como ápice a data de sexta-feira (18/09). Este foi o dia da primeira transmissão realizada pela TV Tupi em São Paulo, emissora integrante dos Diários Associados, surgida do espírito empreendedor de Chateaubriand. Desse ponto em diante, a cadeia econômica gerada pelos “negócios da televisão” ganhou proporção avassaladora.

De fato, a TV no Brasil só chegou até aqui com todo sucesso, porque de tão “sólida” não se “desmanchou no ar”. Afinal, para se colocar uma emissora em funcionamento, no intuito de construi-la num modo “broadcast”, o ato de produzir conteúdos e daí se ter a TV literalmente “no ar”, não se exprime como desafio para principiantes. Da engenharia técnica, passando pela produção dos conteúdos, até a gestão do negócio em si, tudo depende de inovação e capacitação, fatores que fazem a economia do audiovisual girar.

Por isso, a visão empreendedora de Chatô foi logo entendida como uma aventura, pelo alto risco de um negócio de raro conhecimento e domínio. Aconteceu que o tempo provou o contrário. Valeu à pena a ousadia daquela aposta, mesmo que alguns tenham questionado a forma pouco convencional que Chatô tenha construído seu “império de comunicação”.

A TV desembarcou no Brasil em pleno auge do rádio. Para evoluir, não foram assimiladas apenas as experiências técnicas e artísticas desse veículo. O modelo comercial exitoso alcançado pelo rádio, tão essencial ao custeio de uma estrutura maior e mais cara, foi rapidamente incorporado à TV. Assim, a publicidade representou não apenas uma transferência de veiculo de mídia. Sem medo de errar, a TV foi “laboratório” e “vitrine” gradual de algo além de uma parceria comercial: a celebração da publicidade brasileira como uma das mais criativas e competentes do mundo. Uma relação simbiótica de reciprocidade vital, que irrigou de recursos o mercado. Não há explicação para o êxito de um, sem que o outro seja relevado. Em 20 anos, a verba publicitária destinada a TV se transformou na majoritária. De 8% nos anos 60, passando por 39% nos 70, para atingir 51%, na década de 80. Fato real. Inquestionável.

Evidente que, aliada à qualidade tecnológica que prescinde qualquer simulação em torno de uma indústria efetiva, a publicidade foi a grande responsável pelo vigor econômico da oferta do produto televisivo. Por um lado, a evidência de que a criatividade artística e os prêmios conquistados fizeram das agências e dos publicitários parceiros do êxito. E, por outro, a certeza de que a lógica comercial da nossa TV, muito bem aproveitada pela experiência do rádio, deu certo. Chatô estava certo.

Na coluna da sexta, farei a abordagem econômica sobre a indústria televisiva, pelo lado da demanda.

DESAFIO> Desde o início de 2013, que o maior desafio macroeconômico do País tem sido a busca pela superação do baixo desempenho do PIB. Um vetor econômico que deu os contornos da precarização do tecido social, revelada nas manifestações de rua, cujo ápice foi em junho daquele ano. Os sinais de desigualdade e pobreza, aliados ao aumento do desemprego e à insegurança alimentar, deram o tom das preocupações sociais, muito antes de uma pandemia imprevisível se estabelecer de modo contundente. A “cadeia produtiva do agronegócio” tem agido em favor do amortecimento dessa queda do PIB. Como um setor que tem crescido, especialistas testam modelos de projeção factíveis, que ajudam no alvo de um PIB melhor. O plano de em 7 anos dobrar todo agronegócio, poderá também multiplicar por 2 todo PIB. Isso deixo para sexta.

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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