O SOFISMO DA POLÍTICA, A LÓGICA DO ABSURDO E O LIMITE DA PACIÊNCIA – 

Parece-me que a Escola Sofística ainda tem gerado seguidores inflamados no Brasil. Não me refiro à candura do ofício grego, dos tempos de Protágoras, quando a essência era uma arma de retórica que se traduzia em mais conhecimento. Os sofistas atuais giram em torno dos seus próprios interesses, num modo de oratória que só beneficia uma parte da sociedade. Uma motivação cabível a todos agentes sociais comprometidos com a causa. Assim sendo, alguns líderes políticos merecem destaque, por atuarem na imposição de suas verdades.

Diante disso, o tratamento político dispensado ao combate da pandemia é referência exemplar. Amparados na força algorítmica da conectividade das redes sociais, esses sofistas do caos impuseram uma verdade que sequer a ciência foi capaz de considerá-la. O danado é que, se o vilipendiado trabalho científico, sem matiz partidária, ainda patina diante do conhecimemto pleno do vírus, como crer num típico exercício de seita, com velados interesses político-eleitorais? Esse é o estágio da lógica do absurdo.

Dito tudo isso, o que resta à realidade nacional? Bem, a verdade brasileira é outra, porque há quem rejeite aquela imposição. Ela combate essa lógica, porque o ambiente de rivalidade ditado pelas incoerências dogmáticas só aguçou uma diáspora, por mais que o oponente político se sinta psicologicamente desequilibrado. Uma tragédia anunciada que serviu para asfixiar a economia e o tecido social. Pela teimosia dos sofistas.

Assumo aqui os versos de Lenine: “enquanto todo mundo espera a cura do mal e a loucura finge que isso tudo é normal, eu finjo ter paciência”. E completo: “será que é tempo que falta pra perceber ou será que temos esse tempo pra perder? Pois a vida é tão rara”.

Mais precisa que a letra da música? Digo com o que me resta de paciência: impossível. Resta tomar o remédio e vestir a camisa, como orienta a foto.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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