AB FABIO MACEDO

Fábio Macêdo.

Nasci em plena ditadura militar, em março de 1967. Três anos mais tarde acompanhei já a minha primeira copa do mundo, no conjunto Nova Dimensão em Lagoa Nova. Claro que com os meus três anos, não estava muito concentrado na TV Preto e branco “TELEFUNKEN”, mas entendia que estávamos diante de algo muito grande. A minha família e alguns amigos, se juntavam para aquele grande acontecimento. Fomos campeões, aliás tricampeões. Muita festa nas ruas, buzinas e eu celebrando, meio sem saber o que e dentro do fusca cor de goiaba do meu pai. Tricampeões, heróis nacionais com direito a carreata, presentes de governadores, pensão vitalícia, mesmo que tardia e outros paparicos. O maior símbolo desta época, o lendário PELÉ. Bom de bola, mas nem sempre bom com as palavras, ENTENDE?!

De lá para cá confesso que fui fisgado por este grande evento, mas confesso também que já estou de volta ao mar. O Brasil ganhou mais duas copas, perdeu outras tantas, passamos pela redemocratização do país, Diretas-já, eleições livres. Experimentamos um regime de esquerda, com o slogan: “ A esperança venceu o medo”. Lula, sindicalista de discurso forte, com nossos líderes exilados e os estudantes sob mordaça, chega ao poder mantendo-se por 12 anos. Tentou fazer o Brasil protagonista da geopolítica mundial, mas o que conseguiu foi trazer a COPA 2014 e as olimpíadas RIO 2016. Saiu da esquerda, foi para o centro e está quase escalado na ponta direita da ideologia tupiniquim. Escalou o “Dunga” para comandar o Brasil e com pedaladas incríveis obter a sua reeleição. Basta a bola rolar que as mudanças nos esquemas táticos da política rapidamente se adaptam. Com o passar do tempo, mudam apenas os sobrenomes, retratando um Brasil da política familiar. Os partidos passaram a ser a sala de jantar deles, que de dois em dois anos, se “reúnem” para renovar os seus mandatos. Fazem as suas regras e nem se quer ouvem as vozes que ecoam das ruas, o que se demonstra claramente no remendo que estão fazendo com a tão esperada REFORMA POLÍTICA. Não estão preocupados com crise? Que crise? PIB em queda? Desemprego?  Ética? Tudo fantasia e coisa do passado. “O PIB que os interessa cada dia cresce mais”. Parece que a esperança venceu o medo e afundou o país.

Voltando para o campo de futebol, acompanhamos cartolas da FIFA, CBF, Federações se enraizarem em cargos, realizarem negócios a olhos vistos, no mínimo suspeitos, destruírem estádios com apoio oficial, tudo em nome de um negócio. Criam-se leis para isentá-los de impostos, lucrando bilhões de dólares, enquanto nós recebemos o cartão vermelho.

Deixam para nós um legado: fomos novamente enganados. O padrão FIFA acaba de ser oficialmente desmascarado, não pelas nossas autoridades que certamente são omissas, coniventes ou cúmplices deste descalabro. Autoridades internacionais, governo americano, suíço, INTERPOL acabam de deflagrar uma operação sem precedentes no mundo esportivo. Suspeita-se que uma quadrilha internacional, comandada por membros da FIFA, vêm há anos assaltando países, determinando regras para negociar os seus produtos, corrompendo pessoas e governos, “leiloando” a indicação do país para sediar os próximos eventos e que certamente chegará até a copa do mundo realizada no Brasil e suas sedes. Os contratos de concessão dos estádios e suas garantias bilionárias, certamente serão avaliados pela polícia federal e pelo TCU.

No meio de todo este escândalo, dois personagens brasileiros protagonizaram uma “saída de emergência” típica de desenho animado: um abandonou o congresso da FIFA em Zurique na véspera da eleição e o outro a sua mansão em MIAMI e pegaram o primeiro voo para o paraíso mundial da impunidade chamado BRASIL. Não se surpreendam se os respeitados senhores Joseph Blatter(demissionário) e o Jerome Valcke,  venham se juntar a eles, como no passado fez o “legendário” ladrão Ronald Biggs, após o assalto ao trem pagador na Inglaterra. Aqui com a sacola cheia de dinheiro e com os seus comparsas oficiais, têm boa chance de se livrarem da extradição. No meio de tanta safadeza, temos uma única esperança: que todos os envolvidos neste escândalo, não serão julgados apenas pelas leis brasileiras e sua justiça, mas também pelas leis e pela justiça americana. Aí meu amigo, o padrão FIFA vai explodir pelos bueiros.

 Fábio MacêdoMédico, professor da UFRN e Diretor do Aero Clube

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