Mauro Hart é piloto de avião — Foto: Arquivo pessoal
Mauro Hart é piloto de avião — Foto: Arquivo pessoal

No dia 24 de fevereiro, o piloto de avião Mauro Hart, de 59 anos, desembarcava no Aeroporto de Natal após passar por duas quarentenas – num total de 30 dias – para se prevenir do contágio do novo coronavírus. Ele estava a trabalho em Wuhan, na China, epicentro da doença naquele momento, onde passou pela primeira quarentena. Depois, foi resgatado pelo governo brasileiro. Assim, passou mais 14 dias em observação em Anápolis quando chegou ao Brasil.

De volta a Natal há exatamente um mês, o gaúcho, que tem residência fixa na capital potiguar, está tendo que passar novamente por um isolamento social por conta da Covid-19 – a terceira quarentena em 2020.

Dessa vez, ao menos, não está só. “Estar com a família é uma grande diferença, porque, além de eu estar mais à vontade, estando em casa eu consigo gerenciar todos os problemas familiares ou os eventos in loco”, contou Mauro.

Mesmo em casa, ele liga o alerta em relação à atual quarentena. “Ela não é menos importante e não é menos séria. Ela é muito séria, porque aqui a tendência é de relaxar e a gente pode se contaminar”, pontuou. “O vírus se espalha muito rapidamente. E isso nós sabemos. Sabemos a importância de nos proteger, de manter o isolamento”.

Para Mauro, que passou as duas outras quarentenas sozinho, há outras diferenças no atual isolamento. “Nós já estamos convivendo com o coronavírus há mais de dois meses, então nós já aprendemos muita coisa, já não é um terreno desconhecido. Nós sabemos que é um problema difícil e bem sério. Nós já sabemos as precauções a tomar, o que fazer, e essa é um grande diferença da minha terceira quarentena”, refletiu.

Piloto da China Eastern Airlines, Mauro ainda não tem previsão de retorno ao trabalho – a taxa de contágio na China diminuiu nos últimos dias. Enquanto isso, ele tem feito cursos de casa e se mantido em quarentena com a família.

“O meu dia a dia aqui é ficar em casa com a família. Eu tenho algumas tarefas domésticas pra fazer e a empresa para a qual eu trabalho tem enviado algumas reciclagens pra fazer online pra nos manter ocupados e atualizados para quando retomarem os serviços”, disse.

Ele conta ainda que não esperava que o novo coronavírus chegasse tão rápido à Natal e ao Brasil como um todo. “Eu não imaginava que fosse se propagar com tanta rapidez e chegar dessa forma, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”.

Quarentenas diferentes

A primeira quarentena, em Wuhan, segundo Mauro, foi a que mais assustou, já que ele e a população da cidade precisavam lidar com o desconhecido naquele momento.”Lá eu tive que me preparar, ficar em um lugar seguro no meu apartamento. Eu ficaria lá sozinho por um tempo indeterminado. Eu não sabia quanto tempo. Em função disso, durante uma semana eu fui me abastecendo de alimentos, de material de limpeza, de higiene”, falou.

Com 15 dias, ele foi resgatado pelo governo brasileiro e enviado para ficar em quarentena na cidade de Anápolis. Todos os 58 repatriados testaram negativo para o coronavírus.

“Nós ficamos num ambiente confinado, numa quarentena que estava programada, controlada e estávamos sendo acompanhados por uma equipe médica. O objetivo era não trazer o vírus de fora para o Brasil para não contaminar nossa família, amigos e a nação brasileira. Teve um enfoque diferente. De certa forma, ela foi bem tranquila, apesar de estarmos longe da família”.

Entre 2002 e 2008, Mauro morou em Taiwan e presenciou de perto o surto de síndrome respiratória aguda grave (SARS na sigla em inglês), doença respiratória causada pela família viral coronavírus. A SARS matou cerca de 774 pessoas entre 2002 e 2003. Lá, precisou passar por um isolamento voluntário. “Isso me trouxe um grande aprendizado que eu utilizei nas minhas ações agora”, destacou.

Com certa experiência no tema e após ter vivenciado um período crítico na China com o novo coronavírus, ele deixa algumas recomendações.

“O que eu posso dizer é que devemos respeitar esse isolamento, levar isso a sério. Proteger os idosos, as crianças, aquelas pessoas que estão debilitadas, com as defesas mais baixas. Cumprir com todas as medidas de higiene, lavar as mãos, não levar as mãos ao rosto e quando for sair tomar todos os cuidados”, falou.

Fonte: G1RN

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