PAPEL DE PRESENTE – 
O papel com motivos e cores natalinas parece replicar os sons dos guizos conduzidos pelas renas e alces do trenó do bom velhinho, ali estampados.
Cada presente realça a arte do artista embalador, que com dobras e laços dourados valoriza o envolto, independentemente do conteúdo, do motivo, da emoção do presenteador e muito menos da expectativa de quem o receberá. É apenas mais uma embalagem – De: Para:.
Observar o enrolar e o visual de cada pacote me transporta para o tempo em que os melhores e mais ricos presentes eram ofertados envoltos não por papéis laminados e sim pela invisibilidade do amor.
– Lucas sabe qual o presente que vovô vai te dar no Natal?
“- Já sei! Um abraço e um beijo.”
E sabe mesmo! Em todos os eventos que me empurram para as lojas e magazines, sempre, de forma paralela, realço a importância que essa duplinha – abraço e beijo – produz em minha alma. É como se esse “presente” fosse definitivo. Sem época determinada, sem papel refinado, sem laços de fitas, sem etiquetas gomadas. Um presente simples, aparentemente trivial, porém libertador e enriquecedor. Como eu gosto de receber um presente assim!
Sinto-me livre, pois sedimenta em mim a certeza de que ninguém nada me deve. Ninguém está preso ao compromisso de ter que ir ao comércio, avaliar o preço, amoldar ao meu gosto, ficar na incerteza em me satisfazer ou não. E isso não significa que não amo ou que não sou amado. Significa que a cada dia, o meu coração está aprendendo a pulsar na mesma batida do seu, onde o valor de estar com cada um de vocês, me faz bem, sem nada em troca.
Sei que nesse ponto da leitura, alguém poderá conjecturar: “Quanta prepotência!”.  Não, não é. Isso não foi decidido assim de “pronto”. Foi amadurecido por toda uma história de vida, temperada por momentos desesperadores e outros regeneradores, que me fizeram aprender que o amor pelo outro é reflexivo e, na medida em que me despojo me fortaleço em crê que você é muito mais valioso.
E o papel de presente?
Ele, que tanta delicadeza recebeu e que desfilou sua beleza nos corredores dos shoppings, agora é rasgado sem o admirar da arte da feitura pelo artista anônimo.
É preciso chegar logo no ápice de cada embalagem, pois é lá que está o “me lembrei de você”. Muitas das vezes é preciso que ao receber o agrado ou o mimo, responda se gostou, pois só assim haverá a consumação do ato final: “Ufa! Acertei em cheio. Bem que eu sabia que ele ia gostar”.
Qual o nosso papel? Assumimos vários papéis na trajetória percorrida até agora e, certamente outros virão, ao entender que o futuro não é estático.
Cada personagem assumida no grande palco da vida tem o seu papel. Deus como produtor e diretor das cenas reais, conhece com detalhes o que devemos fazer para que – “Assim caminha a humanidade” – obtenha sucesso e consequentemente receba os aplausos pelo empenho em tornar o mundo mais solidário.
O papel que você, independentemente da sua profissão, deve exercer é muito mais que só de pai, de mãe, de filho, de amigo, de consolador, de estimulador de sonhos, de condutor de destinos, e de agregador de sorrisos. Escolham papéis que promovam a evolução do homem em sua essência, tal qual fomos designados pelo maior de todos os ensaístas: Deus.
Não se preocupe se seu papel é mais ou é menos percebível a essa plateia atônita.  Diante de tantos espetáculos virtuosos ou dantescos, representados por atores ‘des’figurinados pelo orgulho, pela indiferença, pelo desamor, pela falta de respeito aos sentimentos alheio, a sua participação não será ofuscada.
Você, através de suas ações, as mais simples, as mais verdadeiras, as mais compreensíveis, tem sim tamanha importância quando é a melhor que pode fazer.
É isso que dá ao espetáculo da vida a beleza das crianças brincarem, os jovens exultarem, os idosos aconselharem, e Deus sorrir e aplaudir o papel que cada um assumiu na missão por Ele designada.
Não esqueça: mesmo que os aplausos sejam tênues, você deve ser a melhor pessoa possível. 
Nunca exija nada de ninguém. Apenas faça por merecer. Conviver com as diferenças, ter dignidade, ter firmeza e bom senso, isso sim é um presente recheado de coragem, que devemos manter sempre aberto, sem distinguir o dar e o receber.
Desate, pois, o laço dourado que é você mesmo e admire a arte no papel de presente que Deus bordou especialmente no seu coração: A vida!
Agradeça sempre!
Dê um presente que faz bem: deseje paz a todos.

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

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