PÁGINAS DA VIDA –

A vida é um livro que devemos escrevê-la com muito cuidado, pois podemos   escrever nossa história com fatos belos ou fatos tristes. Ocorridos independente da nossa vontade.  Assim caminha a humanidade.

Resolvi passar as páginas da minha vida. Nasci com vários problemas de saúde, e um médico sentenciou que eu não chegaria aos 14 anos de idade, estou com 77 anos, passei já por algumas cirurgias, mas, tomei um remédio muito bom que se chama sorriso, procurei e procuro viver sempre de bom humor. Fiz boas amizades que procuro guardar até hoje.

PRIMEIRAS PÁGINAS- Fiz o Primário no Externato Nossa Senhora da Conceição, cuja professora era Dona Maria Dourado, muito bonita e carinhosa com seus pequeninos alunos. Não havia briga nem bagunça dentro da sala de aula, todos se respeitavam e respeitavam a professora.

PÁGINAS DO MEIO- Fui fazer o Ginásio no Ginásio 7 de Setembro, onde ampliei meus conhecimentos com vários amigos, um mundo bem maior que os amigos da Rua Mossoró. Tive que fazer o resto do Ginásio no colégio Atheneu Norte Rio-grandense, onde passei a mim juntar com algumas lideranças estudantis e fazer oposição ao grande líder conhecido por Pecado, isto me valeu uma pedrada na cabeça e um bofete na cara do agressor. No Atheneu passei a ser um menino homem e saber que homem era homem e mulher era mulher, banheiros masculinos e femininos, respeitávamos os pais, os professores, os funcionários. Os professores davam aula de paletó e quando entravam em classe dava bom dia e todos nós respondíamos em pé. Bandeira do Brasil hasteada, ninguém ia para aula de bermuda ou chinelo. Éramos cabeludos e por isso chamados de transviados, o que valeu o nome de Juventude Transviada. Não haviam brincadeiras? Haviam sim, éramos uma juventude alegre. Em uma certa aula de português, Carlos Limarujo, Antônio Ferreira de Melo, pegaram uma discussão com a professora sobre o tempo de emprego de um verbo. Eu distraído lá atrás, só vim perceber quando os fatos já estavam bem acalorados, então eu pedi silêncio e disse: professora eu acho que que Carlos e Antônio tem razão! Ela levantou-se brava foi lá onde eu estava, mordendo os lábios quase chorando perguntou – Por que o senhor está afirmando isto? Respondi – Professora porque sou amigo dos dois! Ela ficou em silêncio, começou a chorar e foi direto para Diretoria. Dona Olindina era a diretora e mandou nos chamar imediatamente, e com a nossa chegada, foi arguindo um a um sobre o fato ocorrido, eu e Antônio ficamos calados, quando chega a vez de Limarujo ela começa citando que Limarujo tinha vindo de fora (transferido do Marista) quando Limarujo interrompe e diz: Dona Olindina todo mundo vem de fora que aqui não tem Primário. Foi o bastante para um grito: saiam da minha frente! Prontamente atendida saímos correndo descendo as escadas e rindo. Do Atheneu, fui terminar o Cientifico na cidade do Recife, estudando no Colégio Carneiro Leão na Rua do Hospício em frente à Escola de Engenharia onde toda tarde passava aproximadamente um homossexual conhecido por Lolita e cantava uma música cantada por Ângela Maria de nome – Garota Solitária, então ele de frente para os alunos cantava e a turma cantava com ele.

– Será que eu sou feia?

– É não senhor (turma)

–  então eu sou bela?

–  você é um cocô.  (Turma)

E seguia se requebrando dizendo: ai como sou bela, amo vocês, quem vem a Recife não conhece Lolita, não conhece Recife.

Nunca ouvi falar em homofobia ou politicamente correto, tudo vinha da mente de inocentes jovens, nunca ouvi falar que mataram um homossexual, e éramos chamados de juventude transviada.

 

 

 

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *