O QUE SERÁ, SERÁ –

Quem tem mais de sessenta anos lembra do êxito obtido quando do lançamento, no Brasil, do filme O Homem que Sabia Demais (The Man who Hnew too Much), de Alfred Hitchcock, na segunda metade da década de 1950. Estrelaram a película do mestre do suspense a dupla romântica James Steward e Doris Day.

O ponto alto da trama se projeta por intermédio da música Whatever will be, will be (O que quer que seja, será), na interpretação de Doris Day. Se o filme foi um sucesso pelo bem bolado enredo, marcante se tornou a canção conhecida no Brasil pelo título “Que será, será”.

Esta semana, assistindo a velhos sucessos do cinema, eis-me diante da dita película de Hitchcock. Ouvir “Que será, será” na clareza da voz de Doris Day, musa dos tempos áureos de Hollywood, foi um deleite. Relembrei que uma das estrofes da canção preconiza que se “O futuro não é nosso para ver, o que será, será”.

Logo fiz uma analogia com o momento de insensatez que atravessa o país, por conta de crise política de consequências imprevisíveis, no pior momento para instalar-se. Insensatez, ao exercitarmos uma polarização fora de época no ápice de uma pandemia de proporções gigantescas sem data para findar.

Esperemos que tenhamos o equilíbrio de não medir esforços para salvar vidas; não poucas, porque se contam aos milhares as pessoas desassistidas e largadas à própria sorte diante da voracidade de um vírus letal. Formemos correntes do bem, tipo “Salvemos o Brasil do vírus”, para estancarmos com essa aritmética sinistra contabilizada sobre montanhas de cadáveres, diariamente.

Olhemos para os mais humildes, principalmente aqueles catalogados nas condições de pobres, pretos e analfabetos. Levemos a sério a multiplicação do desemprego que grassa e desgraça tantos dos nossos irmãos.

Atentemos para o fato de que a fuga do capital estrangeiro da nação ocorre pela falta de confiança na recuperação da economia, ante a incerteza dos rumos do atual cenário político.

É de rachar corações de brasileiros de fé verem os parcos recursos destinados a uma saúde pública desaparelhada desviados criminosamente para fins escusos, diante do chorar e ranger de dentes daqueles que imploram por um respirador para não morrerem afogados no seco por falta de oxigênio.

Estamos no âmago de uma desarmonia insensata e difícil de ser sanada. Porém, o desejo da nação é de que ela não descambe para uma disputa fratricida, originada no desentendimento decorrente de uma polarização extremada.

Que as nossas forças e esforços se unam no ataque ao inimigo mortal e poderoso que nos sitia traiçoeiramente envolto numa carapaça invisível.

Para isso preparemos o clima adequado para uma paz duradoura. Uma paz política. E aqui lembremos Mahatma Gandhi ao profetizar: Não há caminho para a paz. A paz é o caminho. E quando enveredarmos por esse caminho pacificado, nos convençamos de que o melhor para o nosso Brasil continuará sendo:

“… o regime de governo do povo, pelo povo e para o povo, com base no Estado Democrático de Direito obediente ao princípio da independência e da harmonia entre os poderes republicanos, como reza a Carta Magna”.

Assim, o que será, será!

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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