O QUE ME FAZ DEIXAR PARA AMANHÃ? – 

Ia escrever esse texto amanhã, mas como não posso garantir que haverá amanhã, decidi fazê-lo agora.

Acostumado a analisar pacientemente todas as minhas ações, fui me acostumando a dar ‘tempo ao tempo’ e, com o tempo, fui transportando de um dia para outro algumas tarefas da agenda. E na maioria das vezes consegui certo sucesso em deixar para fazer no dia seguinte as tais obrigação.

Com o andar dos anos na corcunda, algumas dessas metas postergadas foram me trazendo receios, principalmente quando estava anotado: “visitar amigo hospitalizado”. Por ter deixado para depois, quando não, recebia a notícia: “o amigo faleceu”. Já pensou no tamanho do arrependimento?!

Esse deixar para amanhã vai, também, se acostumando conosco e de forma bem discreta, quase imperceptível, vai se tornando constante ao ponto de afetar as mais simples atitudes de nossa vida. E isso vai gerando ansiedade e até aborrecimentos, que podem nos levar a uma moderada depressão e afetar o nosso bom humor de cada dia.

O “amanhã eu faço” atua como um cabo de aço que vai amarrando a nossa coragem de agir e, mesmo acarretando certa frustração, vai dominando a nossa vontade de transpor tamanha indecisão do “fazer agora”.

Parece que somos dono do tempo, e que a imortalidade é controlada por nossa mera complacência.

Claro que tem tarefas e obrigações que não se concluem no mesmo dia, mas é preciso agir na direção do planejar, do iniciar e do agir.

Tenho urgência em rever o que venho mudando de dia, de mês, de ano, na folha de registro diário, mas tenho consciência que preciso fazer uma coisa de cada vez, para fazer bem feita. Porém isso não me desobriga de mover o “peão” no xadrez das incubências e, simultaneamente, ir dando passos no jogo das resoluções.

Agora, cabe uma pergunta: “O que me faz deixar para amanhã?”.

Será falta de confiança? Desinteresse em fazer acontecer? Desprazer que tal ação provoca? Falta de alguma competência ou conhecimento para agir? Medo de não conseguir? Não perceber que se não tomar providências, as consequências podem ser danosas? Esperando o tempo certo? Ou uma autoconfiança em fazer como e quando quiser?

Já vimos que não temos nenhum controle sobre a nossa “vida útil” e, que somente Deus tem anotado na Sua agenda, o último suspiro de cada um de nós. E Deus não falha. Ele não posterga. Suas ações, por mais que pareçam que as deixou para “amanhã”, são realizadas naquele dia determinado.

Não vamos desanimar.

Como todo hábito, precisamos aprender a gerir esse tempo que não volta atrás.

Tomar consciência de que temos tarefas a realizar e, que é de nossa responsabilidade agir, certamente nos ajudará a dar o primeiro passo, por mais pesado que ele possa parecer.

Sim, as múltiplas atividades cotidianas parecem encurtar os dias e, o senso de urgência em tudo, pode obscurecer a visão em priorizar as tarefas que precisam de maior atenção. Cabe portanto exercitar, por mais difícil que seja, consultar a nossa agenda diária e ter a certeza que essa, aquela ou aquela outra ação foi iniciada e finalizada.

Precisamos cuidar para não nos sentirmos ‘orgulhosos’ ao verificamos que alguma pendência já deveria ter sido resolvida e que nossas desculpas para tal, são mais bem frequentes que dar prosseguimento no fazer.

Consultemos pois a nossa agenda e vejamos quantos itens estão riscados com aquela sensação gostosa de que: “Puxa! Consegui!”.

Bem, me dê permissão, pois vou verificar as minhas anotações e checar se estou progredindo no aprendizado de “não deixar para amanhã o que posso fazer hoje” e, com a bênção de Deus, amanhã estar sorrindo com a sensação do dever cumprido.

Até amanhã… (Se Deus quiser).

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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