O QUE É DEMOCRACIA? –

Estamos vivendo momentos difíceis no Brasil (e quando não os  vivemos?) e eu, que havia me prometido não comentar assuntos políticos, me vejo obrigado a fazê-lo, para republicar uma lição de Winston Churchill aos italianos, logo depois que fizeram as pazes com  os ingleses, numa visita que fez ao país em 1944.

Churchill escreveu a história da II Guerra Mundial como ele a viu. Foram seis volumes, editados entre 1948 e 1953. O primeiro chamou de “The Gathering Storm”, e os seguintes “Their Finest Hours”, “The Grand Alliance”, “The Hinge of Fate”. “Closing the Ring”  e o ultimo que se chama “Triumph and Tragedy”. Tenho esses livros desde que foram lançados, nos originais, começo dos anos cinquenta. Foram lançados depois em português, condensados em dois volumes. Proibido de sair de casa, em respeito ao coranavírus, estou terminando de reler o último, “Triumph and Tragedy”, onde encontrei a melhor explicação de como um país pode ser definido como democracia.

Em seguida, vai minha tradução literal desses comentários e as explicações dele como se reconhece uma democracia:

“…dizem que o preço da democracia é a eterna vigilância. E aí surge a pergunta, “o que é a liberdade”? Existem uns dois ou três testes simples pelo quais isso pode ser conhecido num mundo moderno em condições de paz, ou sejam:

Há o direito de livre expressão de opinião e de oposição e critica ao governo do momento?

Tem o povo o direito de mudar um governo que não aprova e há dispositivos constitucionais que o permita fazer isso?

São as cortes de justiça livre de violência por parte do executivo e de ameaças de agressão por parte de turbas e livres de associações com partidos políticos?

Podem essas cortes praticar suas ações em conformidade com leis bem estabelecidas e que são associadas ao pensamento das pessoas como justas e associadas com os princípios de decência e justiça?

Há tratamento igualitário para pobres e ricos e membros ou não do governo?

São os direitos individuais, sujeitos às suas obrigações com o Estado, mantidas, reconhecidas e exaltadas?

Estará um operário ou agricultor, na sua luta e trabalho diário para sustentar sua família, livre de ameaças policiais, milícias ou organizações semelhantes a Gestapo, iniciados por fascistas ou nazistas, bater no seu ombro e leva-lo sem direito a defesa para prisões e sofrimentos?

Estes testes simples e práticos são alguns dos quais poderiam ser adotados pela Itália.”

Isso foi escrito por ele após essa visita ao país, em 23 de agosto de 1944. Mas, pergunto eu, não há muitas sugestões úteis ao nosso país hoje?

 

 

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

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