JOSE MARIA FIGUEIREDO

José Maria Barreto de Figueiredo

Hoje acordei cedo. Noite mal dormida, sonhos que me deixaram em dúvidas quanto a prosseguir ou me desiludir e com isso parar no tempo.

Com o projeto de vida empresarial que resolvi abraçar desde 8 anos, no armazém de seu Oswaldo, meu pai, é triste pensar em fracasso. Já a noite, vejo o jornal Hoje, sempre em primeira mão, noticiando a desordem pedagógica, administrativa de Instituições e governo que já nascem capenga.

Neste país criam-se as coisas sempre em proveito próprio ou de grupos, em detrimento de uma geração jovem, só para se perpetuar no poder. Os alunos não são mais caras pintadas (redemocratização), mas continuam conscientes, ainda que só através do protesto, sua principal arma, a única que pode melhorar o ensino brasileiro.

Através de um toque de mágica (tráfico de influência), cria-se uma Universidade sem estruturas básica (prédios inadequados, biblioteca, laboratórios, etc.) e lançam-se cursos em todas as áreas, formando cidadãos que com certeza que por mais que queiram ser bons profissionais nunca conseguirão chegar lá, não por eles e sim por aqueles (políticos e governantes inescrupulosos), que só pensam em sim.

As rádios e televisões, veículos de comunicação estão nas mãos de políticos ou de uma clã política que através dela, elegem geração e geração em benefício próprio. O que já se falam nos meios estudantis é cursos a distância, cursos surgirão e ficarão com a classe política dominante através de representantes laranjas.

O governo federal abrirá vagas nas universidades para negros, brancos, índios, cafuzos, etc. Será que esta é a solução quando o mais importante está na base. Paulo Freire tentou com seriedade alfabetizar o Nordeste brasileiro com a campanha de “de pé no chão também se aprende a ler”, mas os grandes não aceitaram, preferiram os analfabetos, pois assim os currais políticos não seriam ameaçados. Em pleno século XXI, a alfabetização se resume a ensinar ao analfabeto a decorar e a escrever o nome. Isto é um terrível engodo.

Paul Simon em seu livro Introdução a Economia oferta e procura diz: “até meu papagaio pode ser economista desde que ele entenda o conceito de oferta e procura”. Uma população de analfabetos dentro do nosso sistema continua sendo causada por aulas formais, com alunos apenas matriculados a troco de receber ajuda financeira. O objetivo não é ensinar, mas apenas ter dados estatísticos satisfatórios que melhorem a precária situação do Brasil no cenário internacional.

Criaram a L.D.B. há mais de 25 anos – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Até hoje, depois de muitas emendas, ainda não implantada em sua plenitude. Mas os entendidos resolveram mudar. Acabaram com o Normal – o sempre lembrado Curso das Normalistas. Decantado por Nelson Gonçalves. Desapareceram as práticas em sala de aula, para dar lugar ao ensino por obrigação. Durante 20 anos lutei para a Facex ter no seu elenco de cursos o curso de Direito.

Quatro tentativas foram feitas: o primeiro projeto foi indeferido sob a argumentação de falta de prédio próprio; no segundo, argumentou-se a falta de uma boa biblioteca e acervo específico; no terceiro arguiu-se que o numero de habitantes da cidade de Natal não permitia que se implantasse um novo curso na área jurídica, considerando-se a proporção de 100 vagas para 100 mil habitantes na região geo-educacional. Uma aberração gritante já que uma única Instituição se permitia abrir 1000 vagas no referido curso.

Não desistimos e implantamos o quarto projeto com a melhor estrutura física da nossa cidade, a melhor biblioteca, o maior acervo jurídico e um corpo docente da melhor qualidade, composto de mestres e doutores. Conseguimos finalmente o resultado esperado e perseguido durante três anos.

Quousque Tandem, diria o grande Marcus Tulius Cícero. Até quando! Ou Finamente! Demorou, lutamos e vencemos. Importa agora que ele seja o melhor curso de Direito de nosso Estado e este é o nosso grande objetivo.

Conseguimos a aprovação “Boda de Prata… Ufa!!! Abordamos este assunto pois várias Instituições surgiram nesta cidade, alienígenas e de forma intempestiva e em nossas margens plácidas estabeleceram-se e implantaram seus cursos de Direito com a maior facilidade… tudo é possível nesta terra que Cabral descobriu e que nós a denominamos de querido Brasil.

Outros aqui chegaram de “Vales distantes”. E disseminaram em nossa província cursos de Pedagogia, apoiados em liminares, com projetos pedagógicos carentes de qualidade. A LDB, ao excluir os cursos Normais Superiores, estabeleceu prazos para que todos os docentes da Educação Básica fossem portadores de licenciatura de graduação plena (LDB art. 62). Nada mais justo, pois o educando a partir da Educação Infantil precisa te preceptores capazes e bem qualificados. Ocorre que os cursos de fim de semana, carga horária adequada e sem profundidade epistemológica não formam educadores dentro do espírito da lei. E apenas possibilitam construir-se dados estatísticos, verdadeiros engodos administrativos.]

Não se deseja excomungar instituições, mas apenas colocar com clara evidência o momento que vivemos na educação brasileira. É preciso cuidá-la, estrutura-la com seriedade e cumprir os princípios que a farão crescer e tornar este país uma grande nação. O nosso louvor às Instituições sérias; às que fazem da Educação um jogo de cartas marcadas, o nosso vitupério.

Destarte, contemplando estas calamidades estou vendo a hora, com todo respeito ou data a máxima vênia, saber que a senhora Maria Oliveira Barros voltou do além para habitar a gloriosa Padre Pinto e ali criar a primeira universidade destinada a disseminar os seus ensinos específicos.

José Maria Barreto de Figueiredo – Chanceler da Unifacex –  [email protected]

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