NOITE FELIZ –

É Natal, noite feliz para alguns, triste para outros. Vem à lembrança dos que partiram, vem a alegria dos que estão presentes. A lembrança me leva à infância, a casa de meus pais, as casas dos meus avós. Quando criança, era um Natal diferente, não existia televisão, brinquedos eletrônicos, tudo muito simples, mas com muito amor. Era tempo (e única época do ano) em que eram servidos na mesa, passas, queijos do reino, maçãs, uvas argentinas, nozes, castanha do Pará, bombons e chocolates, comprados nas Casas Vesúvio ou na Confeitaria Cisne. Não havia a fartura de hoje.

Ao cair da tarde ou logo cedinho da noite, eu e meus irmãos, todos arrumados, roupas e sapatos novos íamos em carro de aluguel para as casas dos nossos avós. Era um grande passeio. Os carros da Praça Rio Branco que ficava na rua do mesmo nome, eram os maiores. O Mercury do Sr. Manoel Henrique era para mim o mais bonito de todos, e o preferido do meu pai, pois era o mais novo. Primeiro íamos à casa da vovó Alta, que por ironia era bem baixinha e muito carinhosa. Fazia uns bolos muito gostosos que matavam a gulodice do meu irmão José Maria, na época bem gordo. Como era viúva, a reunião se concentrava na sala de visita e no terraço. A casa do vovô Jorge ficava na Rua Seridó, era uma festa e muita alegria. Tinha o gordo Antônio de Melo, cantando, dançando e imitando Papai Noel. Tia Cristina no piano, tocando La Cumparsita, New York, New York, as marchinhas e outros sucessos da época, todos cantavam e dançavam. Vovô e vovó cheios de felicidades com a casa cheia e mesa farta.

Meia noite a missa, todos rezando e pedindo a Deus por dias melhores. Minha mãe Zezé era muito católica, tínhamos que assistir a missa e desde pequeno conhecermos a historia de Jesus.

Chegando à nossa casa, a ansiedade para dormir e receber o presente de Papai Noel. Na manhã seguinte a alegria de abrir um pacote, tirar o presente e se aprontar para mostrar aos outros meninos o que havia ganhado.

Era um Natal diferente, porque meu mundo era diferente, eu era criança, vivia de sonhos, imaginação, um mundo bem mais humano.

Hoje me inspiro nessa época e procuro transmitir as crianças um pouco da alegria que aprendi com os meus…

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor

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