NATAL DE ONTEM – 

O título desta crônica é o mesmo de um blog criado pelo engenheiro Manoel de Oliveira Cavalcante Neto, meu colega de turma, em agosto de 2008. A página caiu no gosto do potiguar pelo livre acesso a quem nela desejasse relatar fatos ou postar fotografias do passado da cidade. Funcionou até 2015 obtendo milhares de visualizações. Ainda é uma importante fonte de consulta.

Pois bem, com o apoio desse blog procuro mostrar às novas gerações que, no passado, a nossa cidade foi um recanto bucólico, agradável, simpático, vanguardista e, pasmem!… Pacato. Isso mesmo, uma ilha de tranquilidade e segurança, onde um roubo era um acontecimento atípico e, um assassinato, uma ocorrência extraordinária, motivo de manchetes na mídia local durante semanas.

Em consulta à coluna “Coisas que não devemos esquecer”, do dito blog, pincei algumas lembranças marcantes que o natalense moderno jamais imaginou haver existido na sua cidade. Iniciemos com alguns dos bares, restaurantes e boates:

Cinema Nordeste, no Centro de Natal

Bar Dia e Noite, com o garçon Gasolina; Bar Oásis, ao lado do cinema Nordeste; o É Nosso, em Areia Preta; e A Palhoça, vizinha ao cine Rio Grande. Falar em diversão é lembrar também os cinemas Rex, Panorama, São Luiz e São Pedro.

Casas de lanches Ki Show e Confeitaria Mirim, na Rua João Pessoa; Granada Bar, na Av. Rio Branco; e, Kazarão, na Av. Campos Sales. Restaurantes de carnes de sol do Lira e do Marinho, e Galinha de Mãe, nas Rocas; Xique-xique, na Salgado Filho e Samburá no hotel de mesmo nome. Boates Libertè, Apple, Augustus, Club Set e a Royal Salute, esta última no finado Hotel dos Reis Magos.

Natal também possuiu cabarés tradicionais e caros como o de Maria Boa, os menos famosos como o Arpège e Ideal ou, ainda, para bolsos menos abastecidos os cabarés de Otávio, Inês, Rita Loura ou o Beco da Lama, o mais baixo dos meretrícios. Sim, tínhamos também a Transamazônica, na Praia do Forte, ao relento e gratuito, opção boa para os negativados.

Beco da Quarentena, o baixo meretrício

 

Ah! Existiram carnavais memoráveis nos clubes América, Aeroclube, ABC, Assen, e blocos de alegoria como o Jardim de Infância, Baculejo, Saca-Rolha, Puxa-Saco e Plebe, que tomavam de assalto casas de familiares e amigos, e faziam o corso na Avenida Deodoro num aperitivo para os bailes noturnos nos clubes da capital.

Convivíamos com tipos inesquecíveis como Rosa Negra, Velocidade, C… de Ouro, Maria Mula Manca, a embaixatriz Severina, Cambraia, Zé Menininho, Zé Areia, André da Rabeca, Lambretinha, Milton Siqueira, Zil, Restinho, Cícero Enfermeiro, Marimbondo e Dr. Choque.

Funcionaram casas comerciais pertencentes a famílias tradicionais da cidade, tais como a Casa Rubi, Casa Régio, Cantina Lettieri, A Formosa Síria, O Novo Continente, Lojas Setas, Casa Vesúvio, Casas Costa, Camisaria Brasil, Santos & Cia.  e Paula & Irmãos.

Impossível esquecer a Festa da Mocidade, na capital, e a Festa do Caju, na Redinha. O Chico Chopp na João Pessoa e os cafés Vencedor, Dois Irmãos e Maia. No Alecrim funcionou durante anos o Café Nice, para afeitos à boemia. Quem lembra a jangada na Praça da Jangada?

A jangada da Praça da Jangada

 

 

 

 

 

Tudo isso, meus jovens, bem antes de denominarem a nossa cidade de cidade “do Natal”. Quando ela era tão somente cidade “de Natal”, a Noiva do Sol.

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]

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