NÃO SEI O QUE ESCREVER –

Estou convicto que a inspiração anda de mãos dadas com o estado de espírito.

A liberdade de escrever é tão “libertária” que seu cérebro vagueia de dois modos: 1) inspiração igual a tema pronto (o encadeamento do pensamento flui de tal maneira que o ato de escrever se assemelha a um carimbo); 2) a inspiração se apresenta fragmentada (se você não anotar, gravar ou ficar repetindo mentalmente até achar onde alocá-la, ela foge).

Dar voltas e voltas em busca de um assunto, me faz na condição de leitor, exigir algo que seja interessante, novo, e fora da infecciosa política e violência que assola o nosso meio.

Ao desenvolver um determinado tema, ou “emendo” até o ponto final ou fico mitigando um processo de autocrítica e, ao perceber, que em nada contribuiria para a maioria dos adeptos das palavras escritas, apago e volto ao ponto parágrafo da sentença anterior.

Esse momento pode ser desesperador se não tiver ao alcance a alternativa mental, criativa, para dar continuidade.

A escritora Ana Luíza Rabelo – conselheira das mais atuantes – costuma dizer: “- Não se escreve sempre tudo de uma vez; recolha os instantes de inspirações e aprisione-os no seu caderno de anotações”.

Não tenho dúvida que esses insights não podem ser perdidos, pois reconstituí-los é mais doloroso que remontá-los a partir de algo já transcrito da memória.

Acalmar-se, respirar, pensar e repensar é homeopático para a retomada da inspiração.

Tenho vários artigos começados e parados nos instantes de fuga da inspiração. Não me perturbo. Sei que escrever tem seu grau de esforço requerido, mas tem ao concluí-lo, a recompensa do “criador”. Assemelha-se a uma obra de arte inacabada, a uma pintura sem detalhes, a um choro sem soluções, mas, tão belo quanto o sorriso de uma criança.

Perder o ânimo de escrever, nunca! Se não sabe como começar, apenas comece.

Certa noite eu fui para a cama com meu bloquinho e uma caneta. A inspiração estava em ebulição. Ao amanhecer, vinte minicontos foram enviados ao site “Recanto das Letras”.

A inspiração é um sopro de vida. Nada se compara quando a parceria se estende por longos períodos. O texto inspirado recebe status de amor, de admiração, de respeito, ao ponto de lê-lo por diversas vezes, aguçando a “sonoridade”, corrigindo, alterando uma vírgula aqui, uma interrogação acolá.

Por fim um suspiro, um sorriso no canto da boca, um pulsar e um desejo: crie assas!

Uma coisa é certa: não podemos deixar que os lapsos se tornem frequentes. Para isso, devemos buscar tudo que possa ser inspirador: folhear livros, assistir filmes, “chamar” seu autor preferido para perto, conversa com amigos, enfim, adquirir um novo fôlego de inspiração.

Agora amigo, quando essa tal de inspiração estiver enamorando você, não dê tréguas ao seu encanto, produza tudo que te deixa feliz.

Quando nada mais infundir sentimentos, não tenho dúvida, recorro à inspiração divina: coloco todo o meu pensamento nas mãos de Deus.

Afinal tão importante como um texto começa, é como termina, pois ao final da leitura, somente o leitor saberá o quanto lhe foi útil.

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *