Quando na atividade de docência na UFRN, algumas passagens me vêm a lembrança.
Recordo uma delas. Foi quando da aplicação de uma prova escrita na especialidade que lecionava na Faculdade de Medicina.
Feita a distribuição das provas e dadas as devidas recomendações de praxe e costumeira, o silêncio é feito e o trabalho iniciado.
De repente, um aluno faz um questionamento que, na verdade, era de pura interpretação do texto da prova. Fiz a observação pedindo ao aluno que atentasse bem para a interpretação da pergunta que a resposta viria facilmente.
Mais adiante, e novamente o mesmo aluno levanta outra dúvida, idêntica à anterior. Outra vez a explicação foi dada clara e pacientemente.
Não demorou muito, o insistente aluno faz pela terceira vez, nova e igual interpelação. Aí, a paciência foi para o beleléu, para o brejo, para os cafundós do inferno, para o inferno das cuias. Os neurônios foram a mil, esquentou a temperatura quase derretendo as suas sinapses. Veio, então, o rompante a galope:
– Vai comer muito capim ainda!
Toda a classe despertou do silêncio sistinico e entrou em uma exaustiva, vibrante e uníssona gargalhada. E, melhor ainda, o próprio inquisidor foi o que mais riu.
Ele nada entendeu!
Berilo de Castro – Médico e escritor