MÚSICAS QUE FORRARAM O MEU BERÇO –

“Essa música é muito antiga! Assim foi quando resolvi abrir o link que prometia resgatar as 100 mais tocadas no ano em que nasci, baseado no número de execuções nas rádios nas principais capitais do Brasil.

São os maiores sucessos nacionais de 1951 e que ecoaram também pelos anos seguintes.

A curiosidade e a esperança de recompor essa época, me levou a preparar um cafezinho coado para saborear acompanhado de uma “sorda” escura (farinha de trigo, mel de rapadura, erva doce, cravo e canela), daquela que vendia nas feiras livres e nas mais distintas padarias, como a ‘Padaria Brasil’ de seu Alberto Silva, lá na Macaíba que me embalou.

Acomodei-me confortavelmente numa cadeira, liguei o  ‘bluetooth’, sapequei o som numa ‘Wireless Speaker’(é chic essa tal caixinha de som) e fui saudosamente me deleitando com as melodias daquela lista centésima.

Começou com ‘Vingança’ (Linda Batista), Barracão de Zinco (Elizeth Cardoso), ‘Dez Anos’ (Emilinha Borba), ‘Se Você Se Importasse’ (Doris Monteiro), ‘Calúnia’ (Dalva de Oliveira), ‘Esposa Modelo’ (Marlene), ‘Beijinho Doce’ (Eliana e Adelaide Chiozzo), ‘Sem Protocolo’ (Francisco Alves), ‘Mexe Mulher’ (Jorge Goulart), ‘O Teu Lencinho’ (Carlos Galhardo), ‘Cabeça Inchada’ (Carmélia Alves), ‘Lá Vem Você’ (Jamelão), ‘Meu Erro’ (Dick Farney) e assim se seguindo…

Confesso que cada uma delas foi despertando o espírito da pureza dos anos cinquenta, que me alegraram e foram essenciais como complemento da minha educação jovial. Era o meu e certamente também o seu, caro contemporâneo, o gosto musical de um tempo que não precisa voltar, mas precisa ser lembrado.

Outras gavetas da memória foram se abrindo e deixando à mostra as lembrança das “Amplificadoras de Som”, das “Vitrolas”, dos “Programas de Rádios”, das “Tertúlias”, das “Serestas”, dos “Parques de Diversões”, dos “Números Musicais nos Circos”, dos “Programas de Auditórios”, enfim.

Via-me lá, curtindo (palavra atual), prestigiando e sendo prestigiado pela qualidade musical e pelas histórias de amores, das mais diversas formas, decantadas nas letras que tudo diziam para quem tinham dores ou alegrias semelhantes.

“Alô alô Betinha escute essa página musical que Nássaro lhe oferece com muito amor e carinho: ‘E Tome Polca’ na voz de Marlene. Aguardarei você na bilheteria do Carrossel para darmos uma volta no nosso cavalinho predileto. Não se atrase, pois estou num pé e noutro para te ver”. Era assim, tudo de forma simples e amorosa. Nada de stress, aliás, palavra desconhecida dos meus tempos de menino. Será que é a mesma coisa do tal ‘agoniado do juízo’?!

Ainda bem que os anos modernos e o avanço da tecnológica deram as mãos a essa avassaladora internet que, quando bem utilizada, recolocam os sessentões em sintonia com o passado que parece tão presente.

Diz-se que recordar é viver (deve ser), mas que viver recordando tudo aquilo que nos motivaram, nos alegraram, que nos fizeram amados e amantes é bom demais.

Essas músicas forraram o meu berço e me receberam entre notas e acordes que ecoam até hoje em minha alma.

Toca outra aí!

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

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