MÚSICA CONTRA “O ALEMÃO” –

Em tempos de preocupação com a longevidade humana, não são poucas as receitas divulgadas com intuito de driblar a ocorrência do Mal  de Alzheimer. Aparecem meizinhas de todas as espécies, desde as que merecem credibilidade até aquelas que devem ser descartadas, a não ser que o destinatário já esteja realmente dominado pelo “alemão”.

Dia desses recebi a informação de que um treino muito bom para evitar a chegada da mencionada doença é colocar a mente para trabalhar resgatando episódios alojados nos mais distantes períodos da existência, se possível durante a infância. E que esse exercício seja temático. Por exemplo, um  livro que você leu quando quando garoto. Como o adquiriu? Quem o recomendou? Quais os personagens mais marcantes? Quais as associações possíveis com o mundo real?

Dizem que a prática também funciona com o manejo de outras coisas agradáveis à vida tenra, como as recordações musicais. Foi por aí que eu embarquei, pois existem músicas que povoam as nossas reminiscências indelevelmente.

Vamos ao caso. Quando moleque passei muitas férias escolares com meus avós maternos José Lira/Marinheira, em Alagoa Grande-PB, desfrutando de agradável convívio de tios e primos. Naquela cidade funcionava um serviço de altofalante  que entrava no ar (assim como dele saía) tendo como prefixo um solo de trompete. Anos a fio esses acordes rebrotaram na minha memória, desenhando com notas agradáveis uma atmosfera de garotice feliz. Mas eu não sabia o nome da música, tampouco o seu executante, de forma que pudesse recuperá-la com o auxílio da tecnologia atual. Até que certo dia, casualmente, um amigo lembrou-me que Zé Menezes, cearense e virtuose do violão tenor, havia integrado o grupo “Os Velhinhos Transviados”, sucesso nos tempos do iê-iê-iê. Fui à cata do repertório daquela troupe e a primeira que veio foi “Afrikaan Beat”! Logo ao começo reconheci, ponto a ponto, a trilha sonora dos doces carinhos que tive dos meus avós. Daí foi saltar para o instrumentista original que dava o tom à aludida difusora. Trata-se de  Bert Kaempfert, sequenciado por excelente orquestra. A partir de então tenho sido frequente usuário dessa cataplasma sonora, bastante útil para dinamizar os meus neurônios.

IVAN LIRA DE CARVALHO – Juiz Federal e Professor

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