MANIAS –

“...Dentre as manias que eu tenho, uma é gostar de você. Mania é coisa que a gente tem, mas não sabe porque.” (Nelson Gonçalves)

Jaomar Vidal puxou o assunto e cada um dos amigos do ‘NAQUELA MESA’ – encontro semanal de economiários aposentados/AEAP – descambou a falar de suas manias, o que muito nos fez rir e refletir.

Falar de manias parece ser difícil, pois cada um acredita que a sua é “simples” e a do outro é, digamos, “abusada”. Mas num ambiente de confiabilidade sempre é possível revelar, ao menos umazinha, por mais estranha que possa aparentar.  Não estamos tratando de superstições como entrar em algum lugar com o pé direito, não passar debaixo de escadas, se benzer por tudo que não concorda e, outras tantas que nos acompanham em casa, na rua, no trabalho e até nos momentos descontraídos.  Nessas não há qualquer problema.

Em cada mania há uma identidade pessoal e, por mais parecida que possa ser com a do outro, sempre haverá um, “mas”. É como se cada mania fosse incorporada (adquirida) da própria personalidade. “A minha mania é minha amiga”, poderia afirmar você. Ou ainda, “sem ela não sei como eu seria”. Ao dizer isso, quase sempre, segue-se um sorriso de “ironia”, como que previamente se justificando da sua mania.

Estamos falando de manias saudáveis. Daquelas que não ofendem o inimigo e muito menos o amigo. Aquela mania que nos faz sorrir por ser ingênua à nossa avaliação ou aquela que, até, imitamos como forma de “participar” da mania do outro.

Nada de mania de perseguição, de estar sempre sentindo-se na vitrine da crítica, que faz com que a pessoa acredite que dela estão fazendo chacota. Isso pode levar ao isolamento social ou até provocar outros efeitos perniciosos que certamente afetarão as relações fins e afins.

Na mania de cada um não tem certo nem errado. É simplesmente, mania. Nem vale comparar a sua com a dela: “Afe! você hoje tá cheia de tric tric”, “deixe de mania feia¨, “você não perde essa mania”.

A rigor, largue essa mania de sair “medindo” a mania de todo mundo, pois com certeza esse instrumento de aferição nunca vai estar calibrado pela virtude da compreensão e do amor pelo outro igual a você.

Às vezes tenho mania de me pegar numa mania e quero logo me corrigir. Ora bolas! Se ela não me afeta emocionalmente, se ela não ofende moralmente você, que tal rirmos das nossas saudáveis manias?

Na letra da música ‘Manias’ de Nelson Gonçalves, está bem claro uma série de manias saudáveis:

“Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você / Mania é coisa que a gente tem mas não sabe porque / Mania de querer bem, mania de falar mal / De não deitar pra dormir, sem antes ler o jornal /

De só entrar no chuveiro cantando a mesma canção / De só pedir o cinzeiro depois da cinza no chão / Eu tenho várias manias, delas não faço segredo / Quem pode ver tinta fresca sem logo passar o dedo

De contar sempre aumentado tudo o que diz ou que fez / De guardar fósforo usado dentro da caixa outra vez / Mania é coisa que a gente tem mas não saber porque / Dentre as manias que eu tenho uma é gostar de você”.

Se fosse possível acrescer manias na canção do nosso maior seresteiro, certamente a letra não teria fim. Quer tentar? Vá adicionando as suas manias e será impossível colocar um ponto final.

Sim, eu sei que você conhece minhas manias aparentes, mas eu também tenho as ocultas. Porém tenho uma que é visível e resguardada ao mesmo tempo: desejar sempre ter você por perto.

E você?!

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

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