LEMBRANDO NATAL –

 

Com o fracasso das Capitanias Hereditárias, em número de 15, o Rei de Portugal, Dom João III criou um novo sistema – Governo Geral, de administrar as terras brasileiras.

O Rei de Espanha e Portugal, Felipe II através de duas cartas régias de 9 de novembro de 1596 e de 15 de março de 1597, autorizou ao 7º Governador e Capitão-General do Brasil, Dom Francisco de Souza, também apelidado por Dom Francisco das Manhas a expulsar os franceses, construir um forte e erguer uma cidade na Capitania do Rio Grande, determinando, assim o avanço luso-espanhol no norte brasileiro.

Em obediência às cartas régias foi iniciada a colonização da Capitania do Rio Grande do Norte que começava na Baia da Traição e terminava no Rio Jaguaribe, através de Manuel Mascarenhas Homem, Capitão-Mor de Pernambuco e Feliciano Coelho, Capitão-Mor da Paraíba. Uma expedição de sete navios e cinco caravelas tinha como Capitão-Mor Francisco de Barros Rego e como Almirante Antonio Costa Valente.

Mascarenhas Homem entrou na Barra do Potengí a 25 de dezembro de 1597 e após muitas lutas, os portugueses expulsaram os franceses e pacificaram os índios.

A planta do forte de autoria do Padre Gaspar de Sampers teve sua construção iniciada a 6 de janeiro de 1598 e concluída a 24 de junho do mesmo ano, sendo chamada de Forte dos Santos Reis.

Nesse mesmo dia, Mascarenhas Homem passa o comando a Jerônimo de Albuquerque, filho de um Capitão português e da índia Maria do Espírito Santo Arco Verde.

No dia 25 de dezembro de 1599 nasceu a cidade do Natal com a realização de missa, inauguração da Igreja Matriz e demarcação em torno da atual Praça André de Albuquerque.

Durante a II Guerra Mundial, serviu de base aeronaval, com a finalidade de controlar as comunicações com a África.

A Barreira do Inferno, construída em 1965, foi durante muito tempo a principal base do programa espacial brasileiro.

Durante muito tempo existia uma acentuada rivalidade entre os dois principais bairros: Cidade Alta, onde moravam os Xarias e a Ribeira, cidade baixa onde viviam os Canguleiros.

A tradição popular chegou até nós com a advertência, grito de guerra, de ambos os

grupos:

As brigas sempre aconteciam no Beco do Tecido – Rua Juvino Barreto, que era o ponto da cidade que limitava as duas áreas proibidas.

Xarias, morador da Cidade Alta, era o comedor de xaréus e xareletes. Canguleiro, morador da Ribeira, comedor de cangulo, o peixe porco. Da preferência pelas duas espécies de peixes, teriam surgido os nomes dos grupos. Xarias e Canguleiros desapareceram. Permaneceu o Natalense.

O futebol, esporte de grande público ainda hoje apresenta uma grande rivalidade entre as principais torcidas do Estado: do América e do ABC.

Os principais clubes náuticos da cidade continuam sendo, o Centro Náutico Potengí, com as cores preto e branco e o Sport Clube do Natal com as cores vermelho e preto.

Na Cidade Alta, as lapinhas e festas de Natal e Ano Novo se realizavam na Rua Princesa Isabel (antiga 13 de maio), as juninas nas ruas Santo Antonio e Padre Pinto (ou Trora do Fogo) e o carnaval na Rua Vigário Bartolomeu (antiga da Palha).

Na Ribeira, a Silva Jardim era a principal rua das festas populares, com exceção do carnaval que se realizava na Rua das Virgens.

Na Festa de Reis, realizada no dia 6 de janeiro quase toda a cidade rumava à Praia dos Santos Reis (antiga Praia da Limpa).

O Natal Clube foi o clube da sociedade potiguar durante longos anos, onde existiam rodas de conversas e jogos de cartas.

A Praça 7 de Setembro, situada diante do Palácio do Governo, foi inaugurada no dia comemorativo da Independência, em 1914. Um público numeroso comparecia às retretas obrigatórias, das quartas-feiras e domingos, com a Banda da Polícia executando peças clássicas.

Os costumes e hábitos da cidade mudaram, com o aumento da população e a expansividade do movimento noturno.

Voltarei a comentar o encanto de nossa cidade, ainda pacata, em Instantes da Minha Geração.

 

Lenilson CarvalhoDentista e escritor

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