Na década de 1970, o América FC, não ia muito bem das pernas. Como sempre, nesses casos recorre sem racionalidade à busca incessante de jogadores de outros Estados.

O treinador começa a fazer pedidos e mais pedidos de contratações para tentar armar uma equipe competitiva e vitoriosa. Surgem nomes e mais nomes de jogadores de todos os lugares, principalmente aqueles já “velhos” conhecidos do treinador.

Nesse cenário de incerteza e de declínio, o América FC, convida e contrata por indicação do treinador (não recordo o nome) o jogador pernambucano conhecido por Tóia – de estatura mediana, afrodescendente, de pouca conversa e cara feia.

O atleta estreia, faz algumas apresentações razoáveis. Mas na verdade, não se revela um jogador pra resolver o grande problema do time – a falta de gol.

Em uma das suas apresentações, enfrentando o Ferroviário EC, o tricolor da Rede Ferroviária, Tóia disputa uma bola com o quarto-zagueiro, bom de bola e grande gozador Jácio. Na jogada, o jogador pernambucano toma um ” banho de cuia”. O atleta craque do Ferrim, dá uma parada e diz:

– Vixe negão, tá passando por debaixo da bola?

 Tóia encara Jácio com cara de poucos amigos e começa a xingá-lo:

– Olha jogador de timinho, eu ganho muito bem, sou um profissional bem sucedido e tenho nome em Recife. Tá me encarando é? Deixa de palhaçada seu jogadozinho “liso”!

Jácio olha de banda e com desprezo total para o negão Tóia fala alto e bom som:

– Jorginho (seu companheiro de time) diz pra ele quem é que paga a todos vocês do time?

Jorginho responde no ato e humildemente:

– É o senhor, seu Jácio!

– Olha aí seu fofa bosta! Vai jogar bola, se não tu vai voltar a pé pra Recife, cantando os frevos de Capiba!

Berilo de CastroMédico e escritor

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