INDUSTRIALIZAR PARA DIMINUIR E DESIGUALDADE –

No momento em que o Brasil vive o maior ciclo de concentração de renda da história, intensificar os instrumentos de desenvolvimento da indústria no Nordeste e no Norte é essencial. Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que a cada R$ R$ 1 produzido na indústria, são gerados R$ 2,4 na economia brasileira. Na agropecuária, o efeito final é de R$ 1,7 e, nos serviços, de R$ 1,5. O crescimento da indústria em regiões mais carentes representa a melhor solução para reduzir o crescente abismo entre os mais ricos e mais pobres no país.

Daí a importância do debate sobre os instrumentos de estímulo ao desenvolvimento regional, inclusive no âmbito da reforma tributária, e a urgência da melhoria da infraestrutura e logística no Nordeste e no Norte do país. Só com medidas efetivas nessas duas frentes será possível equacionar ou, ao menos, reduzir a distância abissal existente no quesito competitividade industrial entre o Sul/Sudeste com as demais regiões do país. Esses são alguns dos tópicos a serem discutidos no Seminário de Desenvolvimento Regional: Desafios e Oportunidades, na CNI, em Brasília na próxima segunda-feira (28).

Apesar de concentrar 36% de toda a população brasileira, o Nordeste e o Norte respondem por apenas 19,6% do PIB industrial brasileiro. O Sul e Sudeste, com 56,4% da população brasileira, concentram 73% do PIB industrial. No PIB per capta, a discrepância é ainda maior. O Norte (R$ 13,9 mil) e Nordeste (R$ 16 mil) ficam muito aquém da média nacional (R$ 26 mil). Há algo muito errado quando um estado como o Rio Grande do Norte, o mais próximo de

grandes mercados como a Europa, não responde nem por 1% do PIB industrial do país.
O sinal de alerta soa quando praticamente a totalidade de empresas tomadoras de empréstimos incentivados está inadimplente por conta de uma sistemática questionável. Esse é o quadro atual dos Fundos de Investimentos do Nordeste (FINOR) e da Amazônia (FINAM). Atualmente, existem 1.736 empresas beneficiárias em situação de inadimplemento, sendo 1.083 com carteira de títulos do FINOR (BNB) e 653 com carteira de títulos do FINAM (BASA). Essas empresas acumulam um passivo de R$ 44 bilhões, sendo que o percentual de inadimplência alcança cerca de 99% desses empreendimentos.

Ao reunir as maiores lideranças empresariais do país, parlamentares e especialistas no assunto para debater de forma séria e aprofundada alternativas para desenvolver a indústria na Região Nordeste e na Região Amazônica, a CNI colabora de forma fundamental para reduzir a diferença socioeconômica existente hoje no Brasil. Só iniciativas como essa são capazes de construir uma agenda positiva, que induza ações cooperativas entre o setor público e o privado a fim de reunir esforços que promovam a redução das desigualdades regionais de forma consistente e sustentada.

 

Amaro Sales de Araújo – Presidente da FIERN e da ANF

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