A regra que permite parcelar as dívidas do cartão de crédito a juros menores não impediu o aumento da taxa de inadimplência. Desde o início da mudança do chamado “rotativo” do cartão de crédito, em abril, cresceu de 34,48% para quase 40% o percentual dos que não pagaram o valor mínimo da fatura ou atrasaram as parcelas por mais de 90 dias, mostram dados até agosto do Banco Central.

Pela nova regra, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo de 15% da fatura do cartão uma vez e rolar a dívida por até 30 dias. Depois desse período, ele precisa escolher entre pagar todo o valor ou parcelar essa dívida em outra linha de crédito, mais barata. Entenda aqui como funciona a nova regra

Antes da mudança, o consumidor podia fazer o pagamento mínimo diversas vezes. Como o cartão de crédito tem uma das mais altas taxas de juros do país, a dívida do rotativo crescia exponencialmente.

A expectativa era de que, com a mudança, os juros do cartão de crédito ficassem mais baixos, o que ajudaria a reduzir a inadimplência. As taxas de fato caíram, mas as dívidas não pagas no rotativo cresceram.

O economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife, considera esse aumento da inadimplência um “grande paradoxo”, mas pondera que ele é relativamente pequeno para ser visto como tendência ou uma consequência da nova regra.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira, explica que o aumento da taxa de inadimplência do rotativo não indica que o percentual de maus pagadores aumentou.

Segundo Vieira, o volume de dívidas daqueles que pagaram os 15% da fatura e saíram do rotativo em 30 dias caiu em uma velocidade maior que as dívidas dos que nada pagaram e continuam devedores a juros cumulativos. Com isso, a proporção dos que estão em atraso ficou maior, elevando a taxa de inadimplência do rotativo.

“Com o cenário de melhora da economia, não temos dúvida que a tendência de redução do atraso nos cartões se verificará nos próximos meses”, conclui o executivo da Abecs.

Dados do BC mostram que, em agosto, 60% de todo o volume financiado pelas dívidas do cartão (R$ 20,6 bilhões) concentravam-se no chamado “rotativo não regular” – aqueles que não pagaram o valor mínimo da fatura ou atrasaram as parcelas do cartão após os 30 dias de rotativo.

Para estes, os juros continuavam nas alturas – acima de 500% ao ano no mês de agosto. Já quem usou o rotativo por 30 dias e quitou ou aderiu ao parcelamento viu a dívida ficar bem mais barata que há alguns meses. Os juros, para este público, quase caíram pela metade, passando de 431,6% para 221% ao ano em agosto, segundo o BC.

Na avaliação do BC, no entanto, a redução das taxas de juros do cartão de crédito e o incentivo ao parcelamento dos saldos devedores com a nova regra “certamente contribuirão para a redução da inadimplência dessa modalidade de crédito”, informou o órgão.

Fonte: G1

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