GUERRA BIOLÓGICA –

Outro dia, Beatriz, minha neta, do alto de seus sete anos de vida, falou que estava a aprender em sua escola noções básicas sobre doenças. E para minha surpresa, explicou tudo sobre coronavírus, de onde vem e como agir na prevenção.

Foi mais adiante e apresentou de forma simples, a diferença existente entre endemia, epidemia e pandemia. A primeira, é uma enfermidade limitada à determinado espaço, bairro ou cidade. A segunda, é um mal infeccioso e transmissível, que ocorre numa comunidade ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pessoas de outros lugares, originando um surto, enquanto a terceira, se apresenta quando o mal se alastra de forma desequilibrada, espalhando por continentes ou pelo mundo.

Ao tempo em que me encantava com os ensinamentos recebidos, meu pensamento rapidamente flutuou para as manchetes dos noticiários do momento, dando conta de que nesta situação, o termo endemia, há muito entrou em desuso, sendo substituído pela pandemia, devido ao galopante surgimento de novos casos, nos quadrantes do globo.

Mês passado estive nos Estados Unidos. Em minha programação, constava o comparecimento a uma apresentação de um super astro da canção mundial. Menos de vinte quatro horas antes, o evento foi sumariamente cancelado, sem maiores explicações, e as tarifas pagas pelo bilhete rapidamente reembolsadas ao cartão de crédito.

Como turista, senti-me entristecido, mas a vida continuou e cumpri o roteiro de atividades de forma despreocupada.  Hoje, entendo o perigo que passei, principalmente pelo fato de que a terra do Tio Sam, não possui sistema público de saúde e mesmo com seguros comprados no Brasil ou aqueles integrantes dos cartões de credito, antes de serem aceitos, a unidade hospitalar, exige a caução de milhares de dólares. E o que é pior: tais planos de saúde, não cobrem doenças provenientes de surtos epidêmicos ou pandêmicos.

Aprendi que o turismo vai além dos sonhos, oferecendo ao viajante, não somente uma conquista de algo que gostaria de conhecer, mas, o verdadeiro significado da vida. Por tal razão preocupo-me muito quando estou a viajar. Estive em Istambul, época em que terroristas, ali dinamitaram um shopping center. Voei sobre a Ucrânia, quando dia anterior, extremistas, usando míssil terra/ar, explodiram avião que realizava a mesma que percorri. Para minha surpresa, mesmo calejado na arte de excursionar, somente fiquei sabedor dos riscos que vivi, no retorno a Maceió.

Os mais experientes que Beatriz, minha neta, ensinam que na situação atual, até o COVID 19, que não mais possui passaporte, cumprir o seu ciclo completo de propagação e contágio, vai requerer dos viajantes, atenção continua ao noticiário e a capacidade de reação rápida e decisões de governo com respeito a aglomeração e deslocamentos.

Por tudo isto, apesar da verdadeira guerra biológica enfrentada, mantenho o otimismo de que em termos de coronavírus, tudo será rapidamente resolvido, porém seria de bom alvitre planejar visitas ao exterior do Brasil, para alguns meses adiante, quando a perspectiva de transmissão da gripe deverá estar normalizada ou amplamente disseminada em nosso país, aí então, tanto faz estar aqui como lá fora.

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

 

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