GOSTOSA! … NEM PENSAR –

O Carnaval de 2020 ficará registrado nos anais momescos como o da nudez feminina total. Sim, porque os minúsculos tapa-sexos e tapa-mamilos não escondiam nada do que encobriam. Tais desnudamentos aconteceram não apenas nas grandes agremiações carnavalescas; a moda tomou conta também de blocos, ranchos, cordões e de grande parte da movimentação ligada à folia de Momo, Brasil afora.

Ora, sempre foi assim! – dirão alguns. Não, nem sempre. A exposição exagerada, no meu entendimento, está banalizando a beleza da mulher, acabando com o mistério da insinuação e mostrando, acintosamente, o que deveria ser oferecido a conta-gotas. Vamos e venhamos: nem tanto nem tão pouco.

Enquanto isso, o empoderamento feminino está criando exageros desproporcionais. Na Alemanha, a eleição da nova miss do país teve um júri composto somente por mulheres, e não houve a prova de biquíni, considerada sexista pelas feministas. As germânicas estão lutando contra a objetificação da mulher e definindo um novo tipo de censura. O que não é o nosso caso.

No Brasil, nos parece estar faltando homens na praça. A reclamação é grande, porém a diferença do número de homens para mulheres, segundo as últimas estatísticas, até que não é tão acentuada. Dos 208,5 milhões de habitantes que somos, 51,7% são mulheres e 48,3% homens. Não se trata de discrepância exorbitante.

Daí, para questionamentos distorcidos ou não, é um pulo. As mulheres insinuam que boa leva de machos, antes enrustida, saiu do armário; outra parcela, joga nos dois times; e, uma terceira, está na dúvida quanto a decisão a ser tomada: fica onde está ou assume outra opção sexual.

Neste Carnaval pulei apenas dois dias. O restante eu fiquei em casa vendo a folia pela televisão – confessou-me uma jovem bonita, bem-sucedida na profissão e esclarecida. E ela continuou com o seu desabafo: Todo homem bonito, sarado, bem vestido e com penteado e barba impecáveis com quem me deparei, se estivesse desacompanhado, esperava o namorado ou estava à procura de um.

Pode até ser exagero da jovem, mas que a reclamação é grande, essa também tem a sua razão de ser. Segundo ela, o babado do momento consiste em relacionamentos de mulheres jovens com homens mais velhos: Sugar Babies e Daddies.

Sugar Babies são mulheres que se preocupam com a aparência, gostam de se cuidar e sabem o preço da beleza. As Babies procuram homens bem-sucedidos com quem possam compartilhar e viver momentos maravilhosos. Isso, claro, com conforto, luxo, requinte e sem se preocupar com as contas.

Já o verdadeiro Sugar Daddy é um homem experiente, confiante e próspero. Um Daddy gosta de compartilhar sua riqueza, conhecimento e bons momentos com a sua Sugar Baby. Quem desfruta de um relacionamento desse tipo garante ser algo leve, solto e agradável, onde todo mundo sai ganhando – nunca confundir o Sugar Daddy com o Salt Daddy, este último, o Daddy mão-de-vaca.

Retornando ao assunto Carnaval. A nudez explícita que vimos perdeu a objetividade ao se deparar com uma plateia masculina amordaçada e manietada, pois qualquer manifestação de interesse ou lascívia externado, estaria sujeita aos rigores da lei como importunação sexual. Assobiar, isso mesmo, um mero fiu-fiu, seria mal interpretado. Um rompante de satisfação, tipo: Gostosa!… Esse nem pensar.

Fazer o que, então? Em tal situação, a tática adequada seria: calar-se, virar o rosto e imaginar que ali desfilavam irmãs carmelitas descalças. Bem feito!

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

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