FAÇA-SE A LUZ –

Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita.

Poi bem. Recentemente experimentei a sensação de ver e sentir novamente a luz natural em toda a sua plenitude. As cores me pareceram mais nítidas, as nuances mais acentuadas, os contornos mais delineados, os sorrisos mais sorridentes.

Relatos de pessoas que passaram pela experiência de Quase Morte (EQM) sempre fazem referência a uma luz brilhante nunca vista: “Era uma luz tipo um sol, não era uma luz qualquer, era uma luz muito forte, que soltava raios para tudo que era lado, e tinha muita força aquela luz. Eu cheguei no fim do túnel, e atrás da luz tinha um espaço muito grande, com uma luminosidade tão estranha, tão bonita, que não dá para explicar”. (Professora Rita Isabel Rohr).

“Você vai ver coisas que há muito não percebia” disse-me o oftalmologista Ricardo Nóbrega, após a extirpar a catarata que “assolava” o meu cristalino.

Dito e feito.

Esse enxergar ‘novo’ me levou a refletir sobre o novo entrever que todos nós, cidadãos do mundo, estamos, nos dias atuais, vislumbrando a massificação da informação, distorcida para uns, suprema para outros.

A visão que cada um tem de um fato parece que anestesiou a nossa capacidade de discernir o que se apresenta por trás da ‘manchete’ e, certamente pela credibilidade daquele que se impõe como ajuizador do que fala e do que escreve.

Com a informação instantânea, o mundo passou a não ter fronteiras. Um “piu” na Finlândia (mero exemplo) é um “oi” em qualquer parte do mundo. Pronto! Perfeito para as coisas sérias e para os aproveitadores do descuido humano em propagar o que quer que seja. Despacha nas redes sociais como um “Bota aí para ver o que acontece”. O tsunami da verdade ou da mentira se espalha feito uma peste. Nem uma ‘fofoca’ se alastra com tamanha devastação.

Um pedido de desculpa, ontem, era um ato de humildade e grandeza. Hoje é um dito pelo não dito. O homem perdeu a sua capacidade de ser altaneiro. “Quem quiser que se exploda”, ouvi espantado de um amigo do cotidiano.

Uma palavra que seja, lida e não entendida, sem o mínimo do exercitar o próprio senso crítico pode mudar o contexto do assunto. Lembro que quando rapazinho, morando quase em frente ao Cine São Luiz (hoje o Banco do Brasil) alí no Alecrim, li o nome do filme em cartaz “A NOITE ESTAVA DE PRETO” com Jeanne Moreau. Corri para casa, angustiado, e anunciado que ‘Jeane morreu’. Ora, Jeane era uma amiga da família e logo o alvoroço foi grande. Alguém teve a lucidez de perguntar: “Como você soube disso?”. Tava escrito no letreiro sobre a marquise do cinema, disse.  Minha mana Rejane se deu ao trabalho de ir conferir e retrucou: “Deixa de ser abestalhado, menino”. Ali é o nome da atriz: “Jeanne Moreau”.

Pois é, esse tempo voltou com ênfase: se vê, se ouve, se lê e se propaga em ondas gigantes sem ter uma “mana” para trocar uma idéia crítica.

O interessante é que a notícia do outro é fake news, mas a minha é “top”.

Mas estamos falando de luz.

Nos dias atuais quantos de nós não estamos com a visão turvada pela poluição emocional. Afinal cada um tem o seu jeito de enxergar o cotidiano. As possibilidades para uns são dificuldades para outros. À medida que a nossa mente vá dando espaço para o otimismo ou para o pessimismo assumir o comando da nossa “razão”, momentos difíceis ou menos duros vão atuando de forma positiva ou negativa levando-nos a amar ou a odiar este mundo em que vivemos. Isso desgasta o nosso organismo, as neuroses (do perfeito ou do imperfeito) não se afinam e geram as doenças psicossomáticas que nos consomem.

É preciso estar atento com a nossa mente. Ao primeiro sinal de que tudo e todos estão cegos e errados precisamos dar um stop e olhar para dentro de nós. Não devemos sair por aí culpando o mundo pelas coisas ruins que mostram diariamente a sua cara. Precisamos harmonizar o nosso interior para que possamos contagiar o mundo com coisas melhores.

Portanto ser luz é fazer diferença para si e para o outro. O desafio de iluminar o caminho a seguir com a luz da esperança pode parecer árduo, mas se tornará ameno desde que você não ofusque a luz que brilha no outro.  Seja alva a sua luz e seja fulgente a daquele que caminha conosco, pois assim  veremos o brilho do Pai em nós.

Sejamos luz sem se deixar enganar pelos reflexos e sombras.

A fonte de energia que alimenta a luz que precisamos para enxergar bem e para iluminar o(a) companheiro(a) de caminhada é abundante quando amamos, perdoamos, acolhemos um ao outro.

Faça-se a luz! E a luz foi feita: para você, para mim e para todos.

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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