Conversando com o Blog

O engenheiro Fabiano Veras, ex-diretor Geral do DER nos governos Aluizio Alves e Monsenhor Walfredo Gurgel, bate um papo sobre vários assuntos relacionados a infra-estrutura e a economia do RN. Em entrevista ao Blog Ponto de Vista Rn, ele falou sobre estrada, porto, ferrovia, planejamento, passado, presente e futuro.

P – Quando você foi diretor geral do DER?

R – Eu fui diretor Geral no Governo de Aluizio Alves, em 1964 e 1965; Nos dois anos anteriores, havia sido adjunto do órgão. Permaneci mais dois anos no Governo do Monsenhor Walfredo Gurgel, de 1966 a 1967,

P – Chegou a exercer outros cargos públicos?

R – Sim. No governo Geraldo Melo Fui Secretário – Adjunto dosTransportes (STOP)

P – E cargos exclusivamente técnicos?

R – De 1979 a 1984 fui o Coordenador do Projeto EBTN/BIRD, na região metropolitana do Recife. E fui ainda Diretor Presidente da Empresa de Desenvolvimento Urbanístico de Jaboatão, em Pernambuco, indicado pela Sudene/BIRD.

 P – Sobre o DER, há diferença daquela época para os tempos atuais?

R – Sobre os aspectos técnicos, não mudou, o DER-RN continua tendo excelentes técnicos no seu quadro de funcionários. Na parte administrativa, era subordinado diretamente  ao Governador do Estado, hoje é vinculado a SIN/ RN.  A diferença mais importante é no que se refere a formação  dos recursos,que eram recebidos diretamente do Governo Federal através do Fundo Rodoviário Nacional, e hoje depende dos recursos próprios do Estado. Essa modificação faz uma grande diferença quanto as disponibilidades para investimentos.

 P – Como você dirigiu essa área tão importante?

R – Buscando aprimorar liderança, conhecimento, perfeito entendimento permanente com os funcionários, no dia a dia , uma coisa chamada “método”.Foram instalados seis Distritos Rodoviários  nas diversas regiões do Estado, o que resultou  melhoria da qualidade de atuação permanente na construção, melhoramento e conservação de nossas rodovias. Também permitiu uma contribuição  nas condições de trafego das rodovias municipais.

 P – Como está o planejamento no RN?

R – Falta o planejamento  integrado que havia na década de 1960. O Governo Aluizio Alves foi o grande inovador. Aproveitou um momento histórico e fez surgir grandes estruturas administrativas , com a COSERN, TELERN, CAERN, CASOL e o próprio DER-RN, entre outras.

P – O que você acha da nossa infra-estrutura?

R – Estamos carentes na atualização dos modais de transportes: rodoviário, ferroviário, aeroviario, aquaviário e dutovário, este permitindo o transporte do gás de Guamaré para os Estados da Paraiba, Pernambuco e do Ceará, e ainda nas adutoras do Estado. Vale salientar que a ultima atualização do PLANO DIRETOR  de TRANSPORTES foi feita em 1996 pela SIN/RN, no Governo Garibaldi Alves Filho. Neste mesmo ano,a FIERN elaborou juntamente com o Governo do Estado  “O PLANO ESTRATÉGICO NATAL NO TERCEIRO MILÉNIO”, abrangendo os municípios da Região Metropolitana de Natal. Também foi elaborado uma Proposta com estudos técnicos sobre o Porto de Natal, o que permitiu a transferência de recursos a “fundo perdido “do Governo Federal para execução das obras de ampliação em mais 356 m de Cais Acostável, construção dos  espigões da Limpa e da Redinha, retirada da Pedra da Bicuda, dragagem do Canal de Acesso ao Cais do Porto, aumentando seu calado para 12 m permitindo operações com navios de até 35 mil toneladas.

P- O que você tem a dizer sobre o Porto?

R- O que coloquei num artigo chamado “FUTURO PERDIDO”, publicado no “Jornal de Hoje”. Lembrei Aluizio Alves que em 1952, escreveu na “Tribuna do Norte“ editorial  alertando sobre a necessidade de um novo Cais de Atracação do lado esquerdo do Rio Potengí que permitisse melhor acesso e a construção de novo Porto em Macau ou Areia Branca, para atender ao transporte de sal. Os Estados vizinhos perceberam a necessidade, lutaram e por isso surgiu o Porto de SUAPE em Pernambuco em 1979 e o Porto de PECEM no Ceará em 1987, ambos com  capacidade operacional 17 milhões de toneladas / ano cada um,. O RN permaneceu com seu Porto urbano, de difícil acesso, com capacidade operacional de 1 milhão de toneladas / ano

P – E por que estamos de fora da Transnordestina?

R – Por falta de persistência, de acompanhamento ao que havia sido planejado no passado. Desde Mossoró, em 1873, num sonho para a exportação do sal. E dos estudos de 1984, sobre os trechos do percurso. Também por falta de pressão junto a CFN que, em 1996, quando o governo Federal fez a licitação para a concessão do sistema ferroviário do nordeste, ela ganhou, mas não cumpriu na integra o objeto da licitação, modificando totalmente os trechos a construir, ficando assim o RN fora da Transnordestina. Hoje ela até mudou de nome. Chama-se Transversal Nordeste, direcionada para os portos de Suape e Pecem. E principalmente, por falta de ação política unificada da nossa bancada federal.

P – O que se pode fazer para mudar tudo isso?

R – A nossa representação política precisa ter atuação mais objetiva sobre a nossa economia. Visualizando projetos estruturantes que atendam a evolução do nosso crescimento econômico e social. O que evitará a manutenção de uma nociva dependência a outros estados vizinhos. Sem ouvir pseudos consultores que não conhecem a existência dos Planos Econômicos elaborados pelos técnicos do próprio Governo do Estado. Na hora em que isso venha a acontecer, daremos um salto de qualidade e o atual estado de coisa começará a se modificar.

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