ESSE É BOM? –

Quase sempre algum amigo me consulta sobre se tal vinho é bom. Ora, ele manda a foto do vinho já na “taça”, já degustando e com um sorriso quase ameaçador: não diga que não é.

Resta-me como alternativa identificar o rótulo do tal vinho, e o tipo de taça que utiliza. Posso adiantar que sou crítico ferrenho quando o vinho, especialmente o tinto – néctar dos deuses, não é servido na taça adequada – Bordeaux ou Borgonha.

Não raro, refugo qualquer taça não translúcida (verde, azul, vermelha, amarela) ou ainda as indesejáveis taças de bolotas (ótimas para servir salada de frutas com leite condensado), que nada tem a ver com vinhos.

Roland Betscha, cineasta alemão (1888-1945), cita que “No vinho estão a verdade, a vida e a morte. No vinho estão a aurora e o crepúsculo, a juventude e a transitoriedade. No vinho está o movimento pendular do tempo. Nós mesmos somos parte do vinho e da vinha. No vinho espelha-se a vida”.

É suficiente?

Não? Então continuemos:

Um café é melhor, isso mesmo, é melhor em um copinho de plástico ou numa xícara afeita aos seus “atributos”?

Um chope, num copo reciclável, maleável, ou numa tulipa proporcional aos goles suaves (ah!…) gelados?

Assim para degustar um vinho é necessário e gratificante que o seja tomado em taças próprias. Afinal o bojo e a haste da taça existem pela simples razão: se aventurar nos prazeres do vinho.

Claro que uma boa taça jamais irá melhorar um vinho ruim ou mal feito. Mas, o “casamento” entre vinho e taça, tem que ser abençoado, até que a morte os separe. Afinal, essa “afinidade” é que faz destacar os sabores de cada estilo de vinho.

Lembra a música de Ronnie Von, A Praça? “A mesma praça, o mesmo banco/ As mesmas flores, o mesmo jardim/ Tudo é igual, mas estou triste/ Porque não tenho você/ Perto de mim…”.

É isso que o vinho “diz” quando inadvertidamente não tem a “taça de borda fina” para delicadamente dançar em movimento circulares desprendendo seus aromas florais, frutais ou amadeirados, entre outros.

Faça o teste e sinta a diferença.

Voltemos à consulta formulada pela amiga Kaline Ribeiro, que diante de um vinho produzido com a uva Zinfandel, não hesitou: “Esse é bom?”.

Eis a resposta:

“Os vinhos tintos da Zinfandel apresentam bom aroma frutado, com coloração rubi violácea profunda, bons taninos, acidez equilibrada e teor alcoólico relativamente alto, seu final tem persistência boa, sem amargor, é normalmente macio e redondo.

É um vinho leve, porém aromático e agradável ao paladar, onde se destacam as frutas vermelhas como framboesa, amora, cereja e ameixa, além de notas de baunilha, tabaco e especiarias nos mais envelhecidos.

Vibrante, alegre e jovem, com sabores intensos.

A uva Zinfandel normalmente é utilizada nos vinhos do novo mundo – América do Norte, mais usualmente na Califórnia.

Excelente para degustar com uma companhia amorosa e preferencialmente em taças de bordas finas, tipo Bordeaux.

Ressalta um clima mágico, degustado em ambientes que traduzam uma sensação de paz e harmonia (sem muitas peças de decoração).

Recomendáveis goles lentos e suaves movimento da taça. Movimentos esses, acarinhativos e envolvidos em versos enamorantes.

Um olhar entrelaçado com o amado ou amada busca sentimentos adormecidos.

Sempre que fizer algum movimento com a taça, expressar um sorriso leve e tendencioso para a companhia amorosa”.

Pronto!

Acredito que a resposta atendeu aos seus anseios.

Quanto aos efeitos que o mesmo provocou: cala-te boca!

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *