ENSAIANDO POESIAS –

“Não há porque me conformar em ter os pés no chão, se eu sei que posso abrir as asa em direção ao infinito” (Gleide Tomaz)

Procurando um título para este artigo me dei conta que o mais adequado era exatamente  “Ensaiando Poesias”, o mesmo que a escritora Gleide Tomaz utilizou em seu belíssimo livro de poesias.

Transformar palavras e sentimentos em algo poético reproduz um dos momentos significativos da autora, como dito na breve dedicatória aos seus leitores: “…cada parte realizada foi acarinhada com alegria, e mesmo quando as palavras externavam dor, valia a alegria de dividir com o papel o que ia na alma”.

O seu “ia na alma” vai mais além quando expressa que suas poesias “podem ser vistas de forma clara, como se fora uma frase escrita com batom”.

Gleide Tomaz nasceu em João Pessoa, Paraíba. É médica anestesiologista, que passou alguns anos radicada em Natal, hoje morando e trabalhando na capital paraibana. A poesia é companheira e confidente de suas emoções desde a adolescência, sempre com a certeza de “voar em direção ao infinito”.

Escolhi entre tantas, para apresentar a você, três poesias que retrata muito bem essa sensibilidade da alma inquieta e feminina que aflora em seus escritos:

PRESA DE UM OLHAR

“Estou presa de um olhar / Furtivo, enigmático, carinhoso, / Mas sem querer se dar. / Estou presa de um olhar / Que me chama pelo nome / Sem pronunciar palavra. / Que me envolve alma e corpo, / Mas não ousa me tocar. / Estou presa de um olhar / Que me encanta, que me encontra, / Que me canta. / Sem deixar de ser / Apenas um olhar”.

 

MEDO DE PERDER

“Quantas palavras faltaram, / Quantos gestos cessaram / Quando estavam por nascer. / Quantos murmúrios calados, / Abraços rejeitados  / Pelo medo de querer. / Quanto desejo sufocado, / Tanto carinho foi negado, / E o amor se conteve / Pelo medo de perder. / Quanta coisa nos negamos, / E como nos enganamos, / Achando que não íamos sofrer.”

 

SEGUNDA PELE

“É como uma segunda pele / Que envolve não só o meu corpo, / Mas todos os meus sentidos. / Eu durmo, acordo… / E você está lá. / Eu respiro, transpiro, / E você não sai do meu suor. / Eu lhe rasgo, arranco, renego / E você cada vez mais se entranha, / Que coisa estranha! / Esse seu poder de envolver, / De arder, de queimar até doer, / É como se para tirar você, / Fosse preciso morrer.”

 Essa pequena amostra denota quão grande é o sentimento de alguém que abre o coração sem medo de que as palavras não se aglutinem em belas poesias.

É como diz em outra de suas poesias: “Há um lugar na alma da gente, onde os encontros se fazem, onde as palavras são ditas…”.

Obrigado Gleide Tomaz, por me presentear com seu livro e me fazer reflexivo em não se conformar “em ter os pés no chão” e, idealizar o espelho no qual você escreveu com batom.

Viva a poesia!

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

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