Recebemos do Engenheiro MAURICY TERRA um extenso Relatório sobre a questão da Via Costeira, que publicamos aqui, na íntegra, apenas dividido em dua partes.

PARTE 1:

Os ecologistas natalenses brigaram para que, por ocasião da sua reforma, a Via Costeira não avançasse nem um milímetro na duna de areia. Entretanto, na duna próxima à Via Costeira não existe nada mais que areia, uma vez que a vegetação é extremamente pobre para justificar uma posição tão inflexível, sendo constituída basicamente de mato, não havendo nenhuma espécie que merecesse ser preservada.

Assim, o objetivo, já que não havia nenhuma espécie de mata atlântica a preservar seria evitar diminuir a área de drenagem e conseqüentemente proteger o lençol freático da cidade, que já está muito ameaçado. Lençol freático esse ameaçado mais por falta de esgotamento sanitário, que progride na cidade, mas a passos de tartaruga. Por outro lado, a área que se perderia do ponto de vista drenagem seria insignificante.

Essa atitude prejudicou, sem duvida nenhuma, a circulação de veículos e tornou a Via Costeira muito mais insegura, pois suas curvas se tornaram mais fechadas. Tanto que, por prevenção, após a ocorrência de vários acidentes, o DETRAN reduziu a velocidade máxima na mesma de 80 para 70 Km/h.

Por outro lado essa visão ecológica, a meu ver um tanto estreita, impediu a construção dos retornos necessários, que serviriam para maior facilidade de acesso a hotéis e evitariam também os condutores de veículos rodarem desnecessariamente para atingir seus destinos. Segundo informação colhida junto ao DER não foi permitida também a construção de uma calçada do lado da duna, o que permitiria aos pedestres caminhar também por esse outro lado da via, e reduziria a probabilidade de descida de areia até a pista, o que em alguns pontos é freqüente, e pode causar deslizamentos nos veículos e conseqüentemente acidentes. E nesses pontos também não se providenciou nada para reter a descida de areia.  Infelizmente, em nossa cidade,as providencias são sempre tomadas após a ocorrência dos acidentes.

O aumento do percurso para chegar ao destino eleva o consumo de combustível e a liberação de gases no ambiente, como o gás carbônico (CO2) e os gases de enxofre (SOx) e de nitrogênio (NOx)., extremamente tóxicos. A liberação de CO2 é bem significativa, embora esse gás não seja toxico, mas é o gás responsável pelo efeito estufa. E é contra o excesso de liberação do CO2 ,  que a maioria das organizações ecológicas mundiais se debatem. Será que essa luta aqui em Natal, do ponto de vista ecológico fez sentido? Foi ela vitoriosa?

Sem possibilidade de fazer o retorno próximo, os motoristas que se dirigem a vários hotéis se obrigam a um deslocamento bem maior. Por outro lado os moradores de vários edifícios de Areia Preta, são obrigados a efetuar o retorno em Mãe Luiza, a uma distancia de # 1500m. Assim quando saem de suas casas e seguem na direção de Petrópolis, Tirol ou da Praia do Meio, são obrigados a percorrer # 3 km a mais cada vez.

No caso dos motoristas que se dirigem aos hotéis não é fácil se fazer uma estimativa do consumo de combustível adicional, pois dependendo do hotel as distancias são muito variáveis. Todavia, para os moradores de Areia Preta, isso é possível de ser feito e com valores bem aproximados.

Se considerarmos somente os edifícios entre a Praça do Relógio de Sol e o inicio da Via Costeira, que são obrigados a fazer o retorno em Mãe Luiza, nos referidos edifícios existem # 300 automóveis. Considerando que cada automóvel efetue esse percurso 2 vezes por dia, que é uma estimativa realista,  teríamos um percurso adicional de 1.800km/dia ou 657.000 Km/ano. Isso significa percorrer # 220 vezes a distancia de Natal ao Rio de Janeiro ou a São Paulo, ou # 110 vezes a distancia Natal –Lisboa, ou mais de 16 vezes o percurso em volta da terra.seguindo a linha do equador.

Obs. E isso sem considerar os visitantes e os prestadores de serviço que se destinam a esses edifícios, os quais devem elevar esses valores de 10 a 20%.

Considerando que um automóvel consuma 10 km/litro no percurso (estimativa otimista), teríamos um consumo adicional de 65.700 litros/ano, no caso da gasolina, e um desperdício de # R$ 170.000,00/ano.

 

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