EIS QUE É NATAL! –

A Noite de Natal foi estabelecida em 25 de dezembro pelo Papa Júlio I no século IV.

Mesmo antes já se regozijavam em festas nessa data, a partir de cantos entoados pelos sacerdotes, e o povo os acompanhava durante os cânticos e bailados que se estendiam nessa comemoração dos primeiros eventos da Natividade. Havia a representação de animais no cenário com as cantorias consagradas ao Menino Deus. A comemoração, as refeições, e bebidas se prolongavam, refazendo aqueles momentos sacros corporificados ao divino, ao ritual e ao culto. Como registrou Cascudo (422), antes era a festa, “para o povo é Noite de Festa”, já o termo Natal tardou a ter o afeto popular de festa, era tão-somente a expressão consagrada maior.

   Nos primeiros tempos, e nas atmosferas pagãs, o solstício de inverno se estabeleceu a 25 de dezembro no calendário imperial romano. Escribas antigos – os chamados cristãos primitivos – enlaçaram o “renascer do sol” com o nascimento de Jesus. No entanto não se encontram registros de que alguma comemoração, ou festejo religioso do sol naquele dia precedesse a celebração de Natal. Pode ser levado em consideração, pelos pesquisadores, mesmo o fator combinante dos eventos da Natividade com as fases lunares pelos registros.

  Até no Lunario Perpétuo, almanaque dos mais lidos pelos nordestinos por dois séculos; os feriados, as luas, as festas, que regeram os dias de Antônio Conselheiro e Virgulino Lampião pelas lonjuras da caatinga.

Voltemos ao Natal. Com o tempo, desde o apartar do latim, as letras vivas do livro sagrado as festas passaram a ter releituras fortuitas. Novos hábitos ocidentais, novas usanças familiares e coletivas, introduziram a cada ramo votivo suas intensidades de crença para as comemorações.

  A Missa do Galo persiste como uma representação milenar.  Os fiéis acompanham à meia-noite a cerimônia votiva instituída no ano de 143, pelo Papa São Telesforo. De um cântico latino, traduz-se o nascimento do menino Jesus no meio da noite, seguindo-se a lenda de que um galo teria cantado com toda a força anunciando a vinda do Messias.

Há décadas a data votiva tem um novo viés além do sacro. Na visita ao shopping, na latada do edifício, lá está o tema que nos faz a delícia desse reencontro anual, a decoração das tendências de natal. Sem faltar um personagem que passou a compor a sala de reunião familiar, simplesmente a sustentar um saco de presentes variados. Um desaprumado e simpático Papai Noel.

Eis que é Natal, com as mesmas referências boas de esperança e de louvor.

A festa sempre estará intrínseca à Noite de Festa, assim caracterizada por Câmara Cascudo. Em torno da mesa festiva, no alpendre simples da casa, na cidade ou no esconso sertão. Uma árvore representativa se erguerá com presentes régios ou lembrancinhas no incenso d’Aquele que renasce para a humanidade cristã.

 

Luiz SerraProfessor e escritor
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