É TANTO APP – 

“É só baixar o APP”. Disse-me a atendente robotizada. Passeei por todas as opções, na última: “digite 8 para voltar ao menu inicial”. Obediente, assim fiz, na esperança de que uma viva alma se utilizasse do recurso mais simples da comunicação entre os ‘humanos’: “Alô! Eu que posso ajudá-lo?”. Em vã.

Nessa hora é que tenho vontade de ter dez anos de idade; não por deleite de ser jovial, mas por não me aporrinhar com App pra lá, App pra cá. Para acompanhar essa agonia não basta qualquer celular não. Tem que ser um que comporte os inúmeros aplicativos, desde a lavanderia até o açougueiro, da clínica médica ao laboratório, do banco ao supermercado, da loja tal aos serviços gerais.

Para pagar uma conta temos que insistir para efetuar a quitação: baixar o boleto (1), imprimir (2), copiar o código de barras (3), ter o App do banco (4), cadastrar do nome ao fator sanguíneo (5), uma senha ‘forte’ com letras maiúsculas e minúsculas, números e sinais gráficos (6). Depois de pago se você precisar do comprovante, tem na tela (7). Se precisar cópia tem que conectar a uma impressora (8). Se quiser treinar sua paciência ouça: “Aguarde mais uns instantes que iremos atendê-lo” (9). Ai meu Deus! Que instantes mais demorados.

O bom e a mais bela das hipocrisias é dizer: “Contribua com o meio ambiente, baixe o App e não imprimindo o boleto você estará contribuindo para um mundo melhor”. Deve ser o mundo da empresa, pois a tarifa bancária e o porte de remessa não são descontados do valor total da fatura.

Tem uma de um provedor da internet que envia uma mensagem para seu email que diz: faça sua opção. Clic aqui: “Não quero mais receber o boleto impresso”. Pronto: o assinante passou a ser um imbecil de carteirinha, pois não existe a opção: “Quero continuar a receber o boleto no endereço cadastrado”.

E o mais chato é o tal do chat que quem responde suas perguntas é um robô. Sua pergunta só será respondida se você casar com a resposta para a qual ele foi programado.

Sim, sei que você está me achando um antiquado. Mas eu até que sou “avançadinho”. Agora não tolero que queiram uniformizar o brasileiro pelo mais alto nível tecnológico, enquanto uma boa parcela da população continua sem instrução básica e financeira para acompanhar o avanço de uns em detrimento de outros.

Mas afinal o que é um APP?

App ( do inglês application) é a denominação dada para o termo “aplicativo”. Existem outras formas de se chamar um App: aplicativo para celular, aplicativo móvel, aplicativo mobile ou simplesmente App.

Pagos ou gratuitos eles funcionam como uma “sub-rotina” das programações computacionais que facilitam a solução de algumas tarefas que necessitamos realizar com certa frequência (rotina).

Até aí tudo bem.  Só que para isso, devido tudo, tudo mesmo, estar atrelado a baixar os inúmeros app, chega um momento que a memória dos seu ‘smartfone’ e certamente a sua, enche. E aí amigo, você ou deleta o acumulado ou desembolsa em “suaves prestações mensais” para a compra de um mais novo, com mais memória.

Pronto! Toda a sua vida está alí, naquele aparelho. Foi roubado, perdido… “Quebrou? João consertou”.

Ah se tivesse um App para falar diretamente com Deus!

Desabafei!

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Vou baixar o App para ler sua opinião sobre o assunto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *