EDITORIAL

NELSON FREIRE E

Essas duas últimas semanas foram de muitos sobressaltos em Natal e em todo o Rio Grande do Norte. Tudo por conta do clima de insegurança que passou a reinar nas terras potiguares, com assaltos, tentativas de assaltos, e o que é pior, com muitas mortes de inocentes. As mídias sociais nunca falaram tanto de violência como nesse período. Toda e qualquer outra noticia perdeu a importância diante da proliferação de informações desse tipo de acontecimento.

Pressionado pela opinião pública, o Governador fez uma reunião emergencial no meio da semana com todos o primeiro escalão da Segurança Pública no Estado. E foi naquela ocasião que anunciou a mudança no Comando da Policia Militar do RN. Essa decisão dividiu a opinião dos natalenses. Enquanto alguns concordaram com ela, a maioria das pessoas, inclusive quase toda a tropa, entendeu que foi uma decisão precipitada, apenas para dar alguma resposta à população diante do aumento da  violência.  Para esses, exonerar o Comandante da PM foi uma tentativa de imputar culpa na própria Policia, como se ela fosse a culpada pelo atual quadro de insegurança.

Passadas mais de setenta e duas horas dessas mudanças, a grande maioria das pessoas mantém o mesmo entendimento. Ou seja, de que o problema é bem mais grave. É um problema do próprio Sistema, que falha em vários setores, não só na questão do policiamento.

A começar pela legislação, que não é tão rígida sobre penalizar criminosos; a falta de recursos para aumentar o efetivo policial, já que a Policia Militar está com a defasagem de 5.000 policiais; a ausência de uma real politica de combate às drogas, tanto aqui como em todo o país, com a falta de policiamento nas nossas fronteiras, o que facilita o contrabando de armas e drogas; a fragilidade nas interpretações do judiciário, que muitas vezes dá sentenças completamente diferentes para um mesmo tipo de crime; a inexistência de uma Politica Pública que de fato priorize a segurança do cidadão; a ausência de decisões reais sobre a reclamada modernização do sistema prisional brasileiro; e a manutenção de uma visão antiga sobre a questão do menor, ainda baseada no ECA, que já existe há mais de vinte anos, e que não se coaduna com a realidade atual, onde grande parte dos crimes são praticados por adolescentes.

A PM por pouco não se insurgiu de forma mais ostensiva contra a decisão do governo. O novo comandante da PM conseguiu sustar, a grande custo, um movimento que iria eclodir na manhã desta segunda-feira. Uma paralisação total das suas atividades, em desagravo não só ao ex-comandante da Corporação, como ao que eles entenderam como responsabilizar a instituição pelo aumento da criminalidade no estado. Pelo que está posto, o governador terá que usar de toda a sua habilidade para contornar a situação criada com as últimas decisões. No momento critico atual, terá que usar o chamado Bom Senso,  para que as coisas não fiquem piores do que já estão.

Só este ultimo fim de semana já se somam o assassinato de nove pessoas em Natal, crimes classificados como CVLI – Crimes Violentos Letais e Intencionais.  Somam-se a esses, mais seis crimes ocorridos no interior do Estado.

O que se percebe é que a decisão governamental não foi aprovada à unanimidade. Com o agravante de que, doravante, as cobranças por segurança serão ainda bem maiores do que já estavam acontecendo. Precisamos todos torcer para que as coisas melhorem. Até porque o sentimento da intranquilidade chegou ao ápice. Se o governador adotar imediatamente o chamado Estado de Emergência, talvez as coisas possam mudar de rumo.  Á primeira vista pode ser danoso para a sua popularidade. Porém, pior do que isso é a manutenção do atual status quo. Até porque, se a situação não for minorada e  venha a piorar nos próximos dias, aí sim, será um verdadeiro Deus nos acuda!

Nelson FreireEditor do Blog Ponto de Vista

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